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O poder do pink Money no Carnaval de Salvador

Redação,
23/01/2024 | 20h01
Foto: Célia Santos

O carnaval de Salvador ao longo dos anos foi se profissionalizando e atraindo os olhos do mundo para primeira capital do Brasil, com isso, as cifras em torno da maior festa do Brasil e dos atrativos naturais da cidade dão gás a economia local. A crescente dos números da economia durante o reinado momesco sempre contou com a presença da comunidade LGBTQIAPN+ nos blocos e camarotes da folia quando ainda era chamado de GLS, nesse período o bloco Cheiro de Amor e o Yes, primeiro bloco eletrônico da cidade, eram um dos favoritos para ainda tímida comunidade que se esbaldavam com a energia do furacão loiro, a cantora Márcia Freire, no Circuito Dodô.
Com o passar dos anos, os camarotes, becos e pontos escolhidos para o encontro da população LGBTQIAPN+ era na capital do Brasil e ainda não se falava no poder do Pink Money no Carnaval de Salvador, mas ao poucos os setores do entretenimento carnavalesco perceberam essa força e despertando o olhar nas possibilidades das cifras que são geradas pelo vale. Atualmente é notável a força do Pink Money presente nos blocos das divas do carnaval que arrastam em média três mil foliões por dias no circuito Barra-Ondina, público que paga algo em torno de R$330 a 2.500 reais pelo passaporte da folia e este número vai além das cordas e camarotes, pois ainda temos os custos com as customizações dos abadas, fantasias, a cerveja, o hotel, o Uber dentre outros gastos ao longo dos dias de folia. Um soteropolitano mesmo sem sair em bloco gasta em média de R$500 a 1000 nos circuitos e no caso da saída em um bloco ou camarote, esse valor pode ser três vezes o valor gasto na pipoca.
Prova desse poder de compra dos LGBTQIAPN+ é a expansão de blocos e camarotes de São Paulo que estão se instalado no carnaval de Salvador de olho nessa fatia volumosa no carnaval. E possível notar também que no ultimo carnaval alguns blocos tradicionais e menores deixaram de sair por falta de apoio e vendas dos abadas, já nos blocos da comunidade não ouve essa baixa, mas sim uma crescente no interesse dos quatros cantos do Brasil em desfilarem na folia baiana.
Mesmo com a geração de emprego e o aquecimento na economia, a comunidade LGBTQIAPN+ ainda não é vista como geradora da economia local e infelizmente o que se percebe são os comentários sobre os beijos e afetos fotografados por curiosos ao longo do percurso que gritam aos quatro cantos que Salvador foi tomadas pelos gays, mas eles não são capazes de pensar que esses mesmos gays que são expostos em grupos de whatsapp como chacota são os mesmos que geram emprego para segurança, o entregador do abada, o motorista dos trios, o fotógrafo e tantos outros profissionais que são remunerados pelas compras da comunidade.
Vocês já viram em Salvador uma campanha de boas vindas à comunidade LGBTQIAPN+? Já passou da hora de fato de receber bem o LGBT da cidade e aqueles que escolhem a cidade para ser feliz.
Os números são crescentes e não mentem no sábado de carnaval um camarote irá receber a cantora Claudia Leite e o acesso custa mais de R$3 mil apenas para uma noite com toda estrutura oferecida pelo espaço e o show da cantora, neste dia o público é quase 100% formado pela comunidade LGBTQIAPN+ e pode ter certeza que muita gente ficará de fora deste espaço que tem capacidade para receber mais de 2 mil pessoas. Aqui é um pedacinho do poder e da força do Pink Money na economia soteropolitana, o aquecimento dessa economia infelizmente ainda não tem um retorno seja de visibilidade ou de ações que garanta mais segurança, lugares preparados para receber baianos e turistas LGBTQIAPN+, é preciso pensa em ações todos os dias para deixar em todo mundo o desejo de retornar a nossa cidade, pois sabemos que receber bem é o passaporte para o desejo de voltar.

Genilson Coutinho
Editor do site Dois Terços e representante da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil