O milagre da beata Irmã Dulce

Genilson Coutinho,
22/05/2011 | 11h05

Desde priscas eras, milagres fazem parte essencial da vida dos deuses, santos e beatas. Por exemplo, Cristo, Buda, Krishina, entre muitos outros, teriam nascido de mães virgens. Moisés foi o maior milagreiro do Antigo Testamento: transformou seu cajado em serpente, fez jorrar água da rocha no deserto, secou  temporariamente o Mar Vermelho, permitindo assim a fuga de seu povo. Jesus, igualmente, fez muitos e fantásticos milagres: multiplicou cinco pães e peixes alimentando uma multidão, transformou água em vinho na boda de Caná, curou dezenas de enfermos e após três dias sepultado,  ressuscitou dos mortos, seu maior e fundamental prodígio sobrenatural.

Milhares de santos e beatas católicas teriam manifestado esse dom divino, curando enfermos, ressuscitando mortos, dominando as forças da natureza. Alguns destes milagres tiveram a Bahia de Todos os Santos como palco: o beato José de Anchieta, naufragando sua canoa na orla de Salvador, os índios remadores encontraram-no sentadinho no fundo do mar, lendo piedosamente seu breviário. Madre Vitória da Encarnação, morta no Convento do Desterro em 1715, tinha o poder sobrenatural de localizar chaves e galinhas desaparecidas, aparecendo-lhe o Diabo em forma de assustadora pata. São Frei Galvão, que estudou no seminário de Belém, em Cachoeira, manifestou duas vezes o raro dom da bilocação: esteve ao mesmo tempo em dois lugares distantes, para confessar moribundos in extremis mortis.

Nos últimos anos, os milagres tornaram-se mais raros e menos fantásticos: o milagre do Beato João Paulo II foi simplesinho, teria curado uma freira francesa com Mal de Parkinson. O milagre aceito pelo Vaticano para justificar a merecida beatificação de Irmã Dulce foi ter estancado incontrolável  hemorragia pósparto de uma devota de Sergipe em risco de morte.

O maior e indubitável milagre do Anjo Bom da Bahia foi sua obra social: os milhares de pobres tratados e curados em seu hospital, as incontáveis crianças desassistidas que encaminhou na vida!

Bem-aventurada Irmã Dulce dos Pobres!

Por Luiz Mott

Foto: Reprodução