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“O futuro quer que nos transformemos em indivíduos em rede”, afirma Manuel Castells durante estreia do Fronteiras Braskem do Pensamento Salvador

Genilson Coutinho,
14/05/2015 | 14h05
​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPRESS

​Foto: Ulisses Dumas / Ag. BAPRESS

“Não sou um pensador, sou um investigador, e por isso estou em busca das evoluções do mundo e da sociedade”. “Todas as grandes transformações políticas surgiram de utopias”. Essas foram algumas das frases proferidas pelo sociólogo espanhol Manuel Castells, na noite dessa terça-feira (12/05), durante a abertura da temporada 2015 do Fronteiras Braskem do Pensamento. A conferência, que teve como tema Movimentos sociais em rede e processo político na era da Internet, lotou a sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador. O evento foi apresentado por Andrezão Simões, produtor cultural e psicanalista; e mediado por André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM/UFBA). Entre o público presente estavam acadêmicos, políticos, empresários e estudiosos do assunto. Os próximos conferencistas do Fronteiras Braskem do Pensamentosão o filósofo francês Luc Ferry (16/9) e o psicanalista italianoContardo Calligaris (1/10).
Observador dos grandes protestos ocorridos no mundo nessa segunda década do Século XXI, Manuel Castells acredita que os movimentos sociais são, sobretudo, movimentos emocionais. “A indignação, a humilhação social diária, são as fontes dos movimentos sociais. Esses movimentos são um basta e esse ‘basta’ supera o medo e se transforma em formas de mudanças pessoais”, explica Castells. Durante a conferência, ele falou sobre as grandes empresas que ganham dinheiro com a Internet, vendendo liberdade de expressão. Neste sentido foi categórico ao afirmar que, “preferimos perder a privacidade à liberdade de expressão”, em uma referência a coleta e venda de dados pessoais realizadas por estas empresas.
Castells projetou que 80% população adulta do mundo terá um smartphone em 2020, mas que, apesar disso, apenas 18% dos usuários da Internet utilizam a rede para participar de movimentos sociais. “Os movimentos sociais só podem surgir quando pessoas se comunicam, e aí surge à importância da internet. Esses movimentos saem do ambiente virtual e ocupam os espaços públicos, o que chamamos de ‘espaço de autonomia’. São movimentos locais, mas que se conectam globalmente”, explica.
Um dos pensadores mais influentes do mundo, Castells é doutor em sociologia pela Universidade de Paris, com pesquisas que abrangem diferentes campos – da política econômica às sociologias urbana e cultural. Professor nas áreas de sociologia, comunicação e planejamento urbano e regional, investiga os efeitos da informação sobre a economia, a cultura e a sociedade em geral, e é o principal analista da era da informação e das sociedades conectadas em rede. É autor de dezenas de livros traduzidos para diversos idiomas, com destaque para a trilogia A era da informação, composta por A sociedade em rede, O poder da Identidade e Fim de milênio. Em A sociedade em rede, analisa a dinâmica social e econômica na era da informação, buscando compreender as transformações que as novas tecnologias estão produzindo em nossas vidas. “Não sou um pensador, sou um investigador e por isso estou em busca das evoluções do mundo e da sociedade”, define-se.
O sociólogo ainda enumerou características que são comuns aos diversos movimentos sociais espalhados pelo mundo: são espontâneos, pois surgem por caráter emocional e viral ao difundir-se quase que instantaneamente pela rede de computadores; são espaços de autonomia, que passam pelo sentimento de pertencimento e onde não existe uma liderança formal. Outra característica é o medo, e sua superação pela solidariedade e pela a esperança. “Todas as grandes transformações políticas surgiram de utopias”, conclui, arrancando aplausos da plateia.

Próximas conferências
A temporada 2015 do Fronteiras Braskem do Pensamentotraz ainda a Salvador o filósofo francês Luc Ferry (16/9) e opsicanalista italiano Contardo Calligaris (1/10). A venda dos ingressos para as duas conferências continua, nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista, pelo site www.compreingressos.com ou pelo telefone (71) 2626-5071. Com tema Como viver juntos?, a temporada Salvador doFronteiras Braskem do Pensamento tem o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, com realização da Telos Cultural e Caderno 2 Produções Artísticas.
SOBRE A EDIÇÃO SALVADOR
O Fronteiras Braskem do Pensamento conta com o patrocínio da Braskem e do Governo da Bahia, através do Fazcultura com realização da Telos Cultural e Caderno 2 Produções Artísticas. Nesta série especial de Salvador, a Braskem apresentou neste mês de maio a conferência de Manuel Castells, sociólogo espanhol; em setembro Luc Ferry, filósofo francês e ex-ministro de Educação da França; e em outubro Contardo Calligaris, escritor e psicanalista italiano.
Em maio de 2014, o Fronteiras trouxe a Salvador as conferências deSalman Rushdie, escritor britânico, e Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo e ambientalista francês. Em 2013, após um intervalo de três anos da última conferência realizada na cidade, a Braskem voltou a promover o Fronteiras na capital baiana, apresentando a conferência da liberiana Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz, eEnrique Peñalosa, economista e urbanista colombiano.
SERVIÇO
FRONTEIRAS BRASKEM DO PENSAMENTO SALVADOR 2015
CONFERÊNCIAS: Luc Ferry, 16/9 e Contardo Calligaris, 01/10.
LOCAL E HORÁRIO: Teatro Castro Alves, às 20h30.
INGRESSOS: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia) para cada uma das conferências. Vagas limitadas.
INFORMAÇÕES: 4020.2050 e salvador@fronteiras.com
PONTOS DE VENDA: Nas bilheterias do Teatro Castro Alves, nos SACs dos shoppings Barra e Bela Vista, pelo sitewww.compreingressos.com ou pelo telefone (71) 2626-5071