Cinema

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O filme da Minha Vida por Mário Edson

Genilson Coutinho,
27/07/2017 | 09h07

O Filme da Minha Vida (Divulgação/Veja SP)

Mário Edson

O mais novo trabalho do talentoso Selton Mello é de um lirismo e uma beleza espetacular. Baseado no romance UM PAI DE CINEMA do chileno Antonio Skármeta (O Carteiro e o poeta e NO), a adaptação de Selton teve a liberdade de imprimir sua marca autoral, e, munido de uma equipe de múltiplos talentos, fez desta, sua grande obra… Perdoem-me os admiradores de O PALHAÇO, que ainda com todos os méritos , decididamente desce do podium e cede lugar a O FILME…

Com uma reconstituição de época primorosa e exemplar, uma fotografia estonteante (Walter Carvalho), onde a luz quente predomina basicamente em todas as cenas, fazendo uma dobradinha com o cenário e figurinos que flertam com o sépia, é a moldura perfeita aliada a bela e inspirada trilha sonora para uma história simples e cativante com espaço para declaração ao cinema, a música e a vida, com muita poesia … Um achado!

Com um elenco afinado e cativante, a história de Tony(Johnny Massaro) e a luta para lhe dar com a ausência do pai (Vicent Cassel), os papos inspirados com o melhor amigo Paco(Selton Mello). a descoberta do amor(Luna/Bruna Linzmeyer) e as descobertas da gurizada da escola onde leciona francês… Tudo isso conduzido pelas simples, mas poéticas citações de um inspirado maquinista (Giuseppe, lhe diz algo ??) vivido por Rolando Boldrin, uma escolha certeira e generosa do diretor.

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Com uma trilha incidental de beleza singular, autoria de um inspirado Plínio Profeta, e grandes sucessos americanos e franceses das décadas de 40 e 50, ai brilhando Charles Aznavour e Nina Simone(Soberba, como de costume, pontuando o amadurecimento de Tony), ainda sobra espaço para um pertinente Sergio Reis com seu hit “Coração de Papel”.

Os amantes da sétima arte mais atentos se perderão na montanha de citações, homenagens, inspirações em grandes momentos do cinema… Impossível não ver ali um pouco de Cinema Paradiso… Tudo com muito cuidado, muito afeto, muita poesia e sobretudo, com um toque certeiro e autoral sem igual.

Produção esmerada e cuidadosa, esta primeira adaptação do Selton Mello é desde já um cult do cinema nacional, um apanhado de pequenas pérolas que constroem em seu harmonioso conjunto uma jóia de raro valor!

Mário Edson é fotógrafo, produtor cultural e coordenador do grupo Amantes da Sétima Arte.  Publica pequenos textos e ensaios sobre cinema, arte e cultura em meio a ensaios fotográficos no blog: ateliecultural.blogspot.com.