O amor entre dois surfistas é o tema do livro “Águas Cálidas”

Genilson Coutinho,
05/09/2011 | 09h09

Águas Cálidas é o segundo romance do escritor Kiko Riaze e recente lançamento da editora Giostri. O autor, que já tem em sua história de vida um romance com temática gay, volta a navegar pelo universo da diversidade sexual, mas desta vez não se prende a rótulos.  

O livro narra a história de Daniel, um jovem surfista que vê sua amizade e admiração por um homem mais velho se transformar inesperadamente numa tórrida paixão. 

Daniel é um jovem que não sabe exatamente o que fazer do seu destino e vive dividido entre o amor de Amanda, que sonha com a estabilidade de um lar em terra firme, e o chamado das ondas, que o atraem com sua prancha e o fazem desejar uma vida diferente, longe da pobreza do lugar onde vive. Alex, mais maduro e experiente, sabe exatamente o que deseja, mas esconde um passado traumático e misterioso que o atormenta e o faz colecionar perdas ao longo do caminho. Em comum entre Daniel e Alex, a necessidade de viver e amar que os atrai para um sentimento novo e muda completamente as suas vidas.

Se na obra anterior Kiko Riaze lançava mão de uma linguagem típica do gueto e de cenas fortes para falar diretamente ao público gay, em Águas Cálidas o autor amplia seus horizontes para tratar do amor de um modo universal, tão sincero e humano, que é capaz de atingir todo tipo de público, seja heterossexual ou homossexual.

A sensibilidade dos personagens, tão bem estruturados psicológica e socialmente, nos apresenta um Kiko Riaze mais maduro e seguro na sua literatura que podemos perceber mais livre, sem amarras, assim como o próprio mar.

A água, por toda sua simbologia, é que conduz a história, como uma mola propulsora, um fio condutor que se ramifica nos suores, nas lágrimas, nas salivas que se desprendem das falas e dos beijos dos personagens e também no sangue. No sangue que une e também no sangue que é derramado pela intolerância ao que é “diferente” e pela crueldade. Água, que está em tudo e em todos e que tem no mar a sua grande matriz, é tão personagem quanto os outros do romance. 

De modo muito generoso, Kiko Riaze apresenta ao leitor uma narrativa fluída, inteligente, consistente e bem amarrada. Generoso, pois há de se pensar que ao autor é fundamental essa ação generosa ao oferecer algo a quem for lê-lo. Não é apenas o ato de contar uma história, mas sim o bem contar, o contar de modo honesto e, sobretudo, com humor, sendo humor aqui tudo que é apontado de modo leve e descontraído.

Para o autor, “talvez um dos maiores erros humanos é colocar o sexo na frente do ser”. Por isso Águas Cálidas mostra que, independente de orientação sexual e para além de qualquer tipo de preconceito, é impossível não se render a um amor quando ele é verdadeiro.

 

LANÇAMENTO:

Dia 15/09/11 (5a feira)

Hora: a partir das 19h

Local: Livraria Prefácio (Rua Voluntários da Pátria, 39 – Botafogo – Rio de Janeiro)

 

  

SOBRE O AUTOR:

Kiko Riaze nasceu no Rio de Janeiro e desde cedo demonstrou paixão pelas artes. Fez parte de um grupo de teatro amador no Retiro dos Artistas e é também roteirista.

Atuou numa ONG que luta em prol dos direitos e respeito à diversidade sexual e mantém um blog (www.kikoriaze.com) no qual escreve artigos diversos sobre relacionamentos, comportamento, sexo e cultura, além de abrir espaço para entrevistas com novos escritores da chamada literatura gay brasileira.

É autor do romance Depois de Sábado à Noite, lançado em 2008.

Águas Cálidas é a sua primeira obra publicada pela Giostri Editora.