Notícias

Nosso voto deve ser em prol da cidadania LGBTQ e contra a LGBTQfobia por Genilson Coutinho

Genilson Coutinho,
07/10/2018 | 12h10

Editorial eleições 2018

Por Genilson Coutinho

O primeiro turno de uma das eleições mais complexas dos últimos anos acontece neste domingo (7), com a escolha do responsável pelo país nos próximos quatro anos, além de governador, senador e deputados.

Em meio a todo esse turbilhão que o Brasil tem passado nos últimos anos, nós LGBTQ ainda temos que conviver com outros LGBTQ que apertaram o botão do retrocesso, que se manifestaram favorável a um determinado candidato que apoia o retorno da ditadura e políticas radicais contra as minorias, trazendo no seu histórico casos claros e publicitados de homofobia, sexismo, racismo e tantas outras violências contra os direitos humanos.

Como entender tamanho retrocesso em um país que no ano de 2017, 445 LGBTQ foram assassinados vítimas da LGBTfobia. Este ano de janeiro a outubro 270 de nós já foram assassinados .

Estamos realmente fora do eixo ou simplesmente é um surto coletivo que banhou a bandeira do arco-irís? Entretanto, em meio a essa batalha não nos atentamos e nem buscamos saber quem serão os nossos representantes LGBTQ com RG e CPF que de fato estão na disputa por uma vaga no pleito deste ano. Esse deveria ser um questionamento e principalmente para nos juntarmos com objetivo de fortalecer nossas lutas.

Mas como se juntar se a maioria de nós não sabe quem são e nem quantos LGBTQ estão nessa acirrada disputa nas principais capitais do Brasil.

Você já parou para pensar quem são os candidatos LGBTQ da sua cidade nestas eleições?

Imagino que você não terá de imediato essa resposta, mas caso tenha, pode deixar aqui no campo dos comentários.

Esse é apenas um grão de areia no deserto, pois com tantas brigas nas redes sociais, debates e posicionamentos você ouviu falar em algum momento sobre estes candidatos? Quais suas plataformas para população LGBTQ no que tange saúde, educação, emprego e uma série de necessidades fundamentais para todxs?

E esses candidatos a deputados que se dizem aliados. Quais são os projetos? Você escutou algum projeto de gratuidade para os portadores do vírus HIV no transporte público? Alguma política de saúde para população trans? Isso é o mínimo que poderíamos escutar destes ditos aliados, mas como sempre eles vão prometer, tiraremos fotos ao lado deles para deixa-lós bem na fita, mas esperem as eleições passarem e verão eles como deuses se eles empregarem um LGBTQ em seus gabinetes. Mas cadê as políticas e um projeto para inclusão de outros LGBTQ no mercado de trabalho?

Por esse e tantos outros entraves que dificulta a nossa ocupação de espaços, seja nas universidades, no mercado de trabalho e tantos espaços que nós somos negados.

E você fica se perguntando, mas como mudar isso? Penso que podemos começar nos politizando, acabando com separatismos dentro da sopa de letrinhas, pois precisamos nos unir e parar de nos mutilar, pois isso a sociedade já nos faz há séculos e com maestria.

Defendo o voto LGBTQ porque acredito que já deu destes coronéis falarem por nós, como se soubessem o que é ser LGBTQ no Brasil.

Aliás, muito políticos só aparecem neste período e acreditam que apoiando as paradas do orgulho LGBTQ, seja algo fundamental para nossas vidas. Vamos além da purpurina meus senhores. Queremos respeito, direitos iguais e ser protagonista da nossa história e não figurante da história do nosso país.

Agora pega seu título e reescrever uma nova história.

Antes que esqueça: #ELENÃO. 

Genilson Coutinho é editor chefe do site Dois Terços e ativista da causa LGBTQ.