Nesta eleição os LGBT devem sair do armário”

Genilson Coutinho,
05/10/2012 | 09h10


A maior associação LGBT da América Latina, a ABGLT, divulgou, recentemente, o relatório que contêm o número dos candidatos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (os LGBT) que disputarão uma vaga para o legislativo na eleição deste ano. O relatório é, aparentimente, animador. Em 1996, apenas oito ativistas gays davam visibilidade às demandas da população LGBT junto ao Legislativo. Já nesta eleição, são 155 candidaturas, que representam um aumento de 1.937,5% .
Por Carlos Magno
Há somente um candidato gay assumido para o cargo de prefeito, que disputa a prefeitura de João Pessoa-PB .Há candidatos na maioria dos estado, somente o Acre e Mato Grosso, até o momento, não registraram candidatura LGBT.Os gays são maioria com 85 candidatos, 25 lésbicas, 24 transexuais, 16 travestis, 4 bissexuais e 1 drag queen. E a Bahia é o Estado que vem a frente com 34, seguida de São Paulo com 27, Minas Gerais com 18. As legendas partidárias são diversificadas, que vão desde o PSC até o PSTU. Os partidos com mais candidaturas LGBT são o PT (27), o PSOL (19), o PSB (15), o PCdoB (134), o PV (9). Mesmo nos diferentes partidos, a maioria dos candidatos LGBT estão vinculados aos partidos de trajetória de esquerda e com posturas mais progressistas.
Por outro lado, nas disputas para prefeito das principais capitais do país, o debate sobre as questões LGBT não tem ocupado grandes espaços. Em Belo Horizonte, a maioria dos candidatos a prefeito (a) tem nos seus planos de governo, ações pró-LGBT. Esta realidade, só foi possível através de um esforço da militância ,que procuraram os candidatos e ajudaram na elaboração dos referidos programas. Há desnível nos programas. Há alguns mais bem elaborados, com participação de boa parte da militância, e outros que apresentam alguns pontos, “só pra dizer” que falou da “turma do arco-íris”.
Em Minas Gerais, alguns militantes LGBT assumiram a difícil tarefa de concorrer uma vaga nesta eleição. Há candidaturas, principalmente no interior de Minas Gerais, com uma campanha bem organizada, articulada com outros setores da sociedade, com apoio do seu partido e reúne boas condições de se eleger. Mas temos também candidatos sem condições políticas e estruturais mínima para concorrer a um pleito. São LGBT usados pelos partidos para puxar voto para os candidatos prioritários.
No período eleitoral, a principal tarefa dos candidatos LGBT é colocar a luta pelos direitos LGBT e o enfretamento à homofobia na arena política e suscitar o debate público. Devemos apresentar uma reflexão sobre as desigualdades e as injustiças que nós homossexuais temos vivenciado, diariamente, nas capitais e nas cidades do interior. E, fundamentalmente, ganhar a população para um projeto de uma sociedade sem preconceito, discriminação e respeito às diferenças. Só assim, na minha opinião, vale a pena concorrer uma eleição.

Constantemente vem à tona, nas eleições, que só com os LGBT, a nossa vida vai melhorar. Há diferença, nesta avaliação. Já tivemos vários políticos e militantes que ao assumirem um cargo publico, se fecharam no armário e abandonaram a comunidade LGBT.Ao invés de adotar estratégia do voto “de Gay pra Gay”, poderíamos pensar numa candidatura coletiva, que reúnam as melhores condições para defender um programa de reivindicações da comunidade LGBT e aglutinasse os outros movimentos sociais. Se for um militante LGBT, ótimo, senão, pensemos no programa fundamentalmente.
Ser cidadão é pertencer de fato a cidade. É poder ocupar os espaços públicos com tranquilidade. Estudar e não sofrer constrangimento e violência no ambiente escolar, poder usar o sistema de saúde e a orientação sexual e identidade de gênero sejam respeitas. É poder morar numa cidade que o ser-humano seja a prioridade.
Pra mim, é neste projeto que nós LGBT devemos estar alinhados e contribuindo para sua realização. Saíamos do armário na hora de votar , escolhendo candidatos e candidatas realmente comprometido com dignidade humana e com uma cidade mais democrática.

Carlos Magno é secretário de comunicação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e militante do Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (CELLOS-MG).

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