Namíbia, não! realiza curtíssima temporada no Teatro Módulo

Genilson Coutinho,
30/09/2011 | 11h09

Últimas apresentações do espetáculo Namíbia, Não! em Salvador

Depois de lotar o Teatro Castro Alves em sessão comemorativa pelo Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, o espetáculo Namíbia, não! – maior sucesso de público do ano em Salvador – está de volta à capital baiana. E repetindo também o enorme êxito nas recentes apresentaçõesi, Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação prometem consolidar o reconhecimento do público soteropolitano, de 14 a 23 de outubro, no Teatro Módulo.

Esta é a última oportunidade para quem ainda não viu Namíbia, não! e a discussão acerca dos “melaninas acentuadas” poder rir com a peça em solo baiano este ano. Serão realizadas apenas 6 apresentações no Teatro Módulo, Pituba. Depois a peça volta ao Rio de Janeiro, onde se apresenta no FITA 2011 (Festival Internacional de Teatro de Angra dos Reis), dia 29/outubro, e, em seguida, realiza temporada no Teatro Oi Futuro Ipanema, na capital fluminense, de 4 a 27 de novembro.

Nas últimas apresentações de Namíbia, não! realizadas no Teatro Cidade do Saber, em Camaçari, a plateia participou de um bate-papo com os atores e com o diretor Lázaro Ramos. No debate, que durou cerca de 1h, foram discutidos temas como a utilização da comédia para abordar o racismo; a atual condição do negro no Brasil e o estereótipo de beleza branca criado pela mídia.

“O humor é a melhor forma de discutir coisa séria e tocar o coração das pessoas”, explicou Lázaro Ramos. Aldri Anunciação completou: “Criei esta peça usando o riso reflexivo para tratar de um assunto sério. Ao contrário do circo, que antes só ridicularizava as pessoas, quis trazer pro palco o conceito de mais negro ou menos negro a partir da cor da pele, daí usei o termo “melanina acentuada””.

A peça

Escrita por Aldri Anunciação e dirigida por Lázaro Ramos, Namíbia, não! tem argumento provocador ao abordar, sem tentar resolver o assunto, uma situação hipotética: o ano é de 2016 e o Governo brasileiro obrigou que todos os afrodescendentes regressem imediatamente à África, provocando, em pleno século XXI, o revés da diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata.

Situações inusitadas são discutidas com muito humor e ironia. Os debates enfocam a vida dos de “melanina acentuada” e assim o público, embora rindo bastante durante a encenação, é conduzido a ponderar as reflexões lançadas a partir dos diálogos entre os atores Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação.

A montagem é patrocinada pela OI, através da Lei de Fomento à Cultura (FazCultura), via Secretaria de Cultura e o Governo do Estado da Bahia. O texto foi agraciado com os Prêmios de Teatro Myriam Muniz (Funarte) e Fapex de Teatro 2010 por sua dramaturgia, teve leituras dramáticas no II Ciclo Negro Olhar (RJ) e no FIAC (BA), além de ter sido debatido na 1° Mostra de Teatro Negro (SP).

Sinopse:

Em 2016, o Governo brasileiro decretou uma Medida Provisória obrigando que todos os de ‘melanina acentuada’ sejam capturados e enviados imediatamente à África, provocando, em pleno século XXI, o revés da diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata. A medida é uma ação de reparação social aos danos causados pela União. Mas, para não incorrer no crime de “Invasão a Domicílo”, eles só podem ser capturados na rua. Assim, André e Antônio passam o dia trancados no apartamento, debatendo as questões sociais e econômicas da vida atual, seus anseios pessoais e as consequências de um iminente retorno à África-mãe.

Foto: Crisna Pires / Comunika Press

SERVIÇO

De 14 a 23 de outubro de 2011

Teatro Módulo [Av. Prof Magalhães Neto, 1177 – Pituba, Salvador, fone: (71) 3354-6654]

Horários: sextas 21h; e sábados e domingos, 20h

Ingressos: sextas e domingos: R$40(inteira) e R$20(meia); sábados: R$50 (inteira) e R$25 (meia)

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