Namíbia, não! na Sala Principal do TCA

Genilson Coutinho,
05/08/2011 | 13h08

 

Após 3 temporadas de enorme sucesso, e passagem elogiada pelo Festival de Inverno Sesc Rio, em Petrópolis, o espetáculo teatral Namíbia, não! retorna à capital mais negra do Brasil em edição especial e comemorativa pelo Ano Internacional dos PovosAfrodescendentes. Com expectativa de lotar o Teatro Castro Alves no dia 21 de agosto, a peça, que estimula o debate sobre o negro no país, pretende repetir o sucesso das apresentações na Bahia e no Rio de Janeiro.

Declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 2011 é o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes. O Brasil não poderia ficar de fora do debate global, já que possui a maior população negra fora do continente africano.

Tal iniciativa é o reconhecimento da comunidade internacional de que os negros representam uma parcela da sociedade cujos direitos humanos ainda não são garantidos. Para a ONU, as pessoas de ascendência africana são um grupo específico, que sofre discriminação com o legado histórico do comércio de escravos.

A justa homenagem tem como objetivo erradicar a discriminação a descendentes africanos, combater as desigualdades econômicas e sociais geradas pelo preconceito, além de promover o respeito à diversidade e a valorização da herança cultural negra.

Espetáculo volta a Salvador e realiza sessão especial em comemoração ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes

A peça

Escrita por Aldri Anunciação e dirigida por Lázaro Ramos, Namíbia, não! tem argumento provocador ao abordar, sem tentar resolver o assunto, uma situação hipotética: o ano é de 2016 e o Governo brasileiro obrigou que todos os afrodescendentes regressem imediatamente à África, provocando, em pleno século XXI, o revés da diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata.

Situações inusitadas são discutidas com muito humor e ironia. Os debates enfocam a vida dos de “melanina acentuada” e assim o público, embora rindo bastante durante a encenação, é conduzido a ponderar as reflexões lançadas a partir dos diálogos entre os atores Flávio Buaraqui e Aldri Anunciação.

A montagem conta com o patrocínio da OI, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura da Bahia, Programa FazCultura, e dos Correios, através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura. O texto foi agraciado com os Prêmios de Teatro Myriam Muniz (Funarte) e Fapex de Teatro 2010 por sua dramaturgia, teve leituras dramáticas no II Ciclo Negro Olhar (RJ) e no FIAC (BA), além de ter sido debatido na 1° Mostra de Teatro Negro (SP).

Sinopse:

Em 2016, o Governo brasileiro decretou uma Medida Provisória obrigando que todos os de ‘melanina acentuada’ sejam capturados e enviados imediatamente à África, provocando, em pleno século XXI, o revés da diáspora vivida pelo povo africano do Brasil escravocrata. A medida é uma ação de reparação social aos danos causados pela União. Mas, para não incorrer no crime de “Invasão a Domicílo”, eles só podem ser capturados na rua. Assim, André e Antônio passam o dia trancados no apartamento, debatendo as questões sociais e econômicas da vida atual, seus anseios pessoais e as consequências de um iminente retorno à África-mãe.

SERVIÇO

Apresentação única do espetáculo Namíbia, não!, em comemoração ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes

Sala principal do Teatro Castro Alves  [Praça Dois de Julho, s/n, Campo Grande, Salvador]

Dia 21 de agosto/2011, domingo, às 20h

Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia entrada) [à venda na bilheteria do local, SACs Barra e Iguatemi. Informações: (71) 3535-0600]