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Teatro

Me Brega, Baile! volta a Sala do Coro do TCA a partir de 06 de março

Genilson Coutinho,
27/02/2020 | 13h02

A Sala do Coro do Teatro Castro Alves voltará a ser palco de um grande baile de dança de salão e política com o espetáculo Me Brega, Baile!com estreia no dia 06 de março, às 20h. Produzido pelo Coletivo Casa 4, cinco bailarinos intérpretes-criadores homossexuais utilizam a dança de salão como discurso político para reivindicarem a liberdade de serem e de existirem. O espetáculo fica em cartaz até 15 de março, de sexta a domingo, e os ingressos pode  ser adquiridos antecipadamente nas Bilheterias do SAC ou pela plataforma da Ingresso Rápido.
Com direção e provocação coreográfica de Leandro Oliveira (ex-bailarino do Balé do TCA, de 2014 a 2018), o espetáculo questiona a heteronormatividade como padrão de comportamento nas danças de salão e propõe outras possibilidades de se pensar e praticar as danças a dois. Para isso, transforma o adjetivo “brega” em verbo e convida o “baile” – e por que não o espectador? – a se entregar à breguice, ao excesso, ao dramático, ao cafona.
Vale lembrar que, no Brasil, o Brega é um movimento musical em que os sentimentos são exacerbados, sem pudores. “Em consonância, Me Brega, Baile! é um apelo para que nos deixem ser aquilo que queremos. Nos deixem usar salto, saia, brilho, paetê, vestido; dançar do jeito que a gente quiser, com quem a gente quiser, em qualquer ambiente, sem julgamentos, sem conservadorismo, sem amarras”, declara Guilherme Fraga, bailarino-intérprete de Me Brega, Baile!.


Além de Fraga, estão em cena com Alisson George, Jônatas Raine, Marcelo Galvão e Ruan Wills. As coreografias surgem a partir de temáticas sócio-políticas e vivências cotidianas dos bailarinos. Os bailarinos-intérpretes Ruan Wills e Jonatas Raine, por exemplo, expressam a dificuldade da relação afetiva entre homens gays negros em uma das cenas. “Somos os únicos corpos negros neste espetáculo e queremos discutir afetividade, empoderamento e reconhecimento da beleza preta”, pontua Wills.
A participação do Casa 4 no Movasse Festival (AM) também foi propulsora para a criação deste novo espetáculo. Após a apresentação de Salão no Teatro Amazonas Pará mais de 700 pessoas, o evento recebeu uma ação judicial movida por um grupo de pessoas que considerou que a montagem não deveria possuir classificação livre, devido aos “gestos obscenos” feitos pelos bailarinos.
Para o Casa 4, a ação se deu pelo fato dos bailarinos serem gays “e defendermos nossa existência, nosso jeito de ser!”. O coletivo defende e exalta a diversidade, o diferente, a liberdade de existir do jeito e da forma que se quer. A breguice foi o caminho escolhido para reafirmar “o nosso lugar no mundo”. Me Brega, Baile! é um movimento dançante em prol da liberdade de ser e de existir em qualquer ambiente!.
MusicalidadeEm Me Brega, Baile!, o público pode esperar uma diversidade de sonoridades: da música disco ao forró nordestino, que recria sucessos internacionais de forma brilhante – e brega! Clássicos nacionais e internacionais das décadas de 70 e 80 ganham destaque na trilha sonora. Estas músicas, por sua vez, reúnem a carga dramática e o sentimentalismo exacerbado deste gênero musical. Foram excluídas canções e artistas assumidamente lgbtfóbicos.
Casa 4O Casa 4 nasce das inquietações do bailarino Marcelo Galvão a respeito do ser gay na dança de salão, um ambiente que recrimina principalmente os dançarinos que não seguem as normas – como viados que dão “pinta”. O nome Casa 4, por sua vez, refere-se aos ensaios que por um bom tempo foram na sala da casa de Jônatas.
Galvão convida Alisson George, Jônatas Raine e Guilherme Fraga para pesquisarem como as danças a dois se davam em seus corpos gays, quais questões surgiam, quais sensações, vontades. A partir destas pesquisas surge Salão, primeiro espetáculo do coletivo, dirigido também por Leandro de Oliveira, que circulou por Belo horizonte, Salvador, Recife, São Paulo e Manaus.
Ficha técnica – Me Brega, Baile!Direção: Leandro de OliveiraIntérpretes-criadores: Alisson George, Guilherme Fraga, Jônatas Raine, Marcelo Galvão e Ruan Wills.Assistente de Coreografia: Bárbara BarbaráIluminação: Juliana Mendonça e Leandro de OliveiraFigurino: Rainha Loulou Couture e Leandro de OliveiraComunicação: Théâtre Comunicação – Rafael BrittoProdução: Guilherme Fraga e Marcelo GalvãoFoto: Caio LírioVídeo: Thiago CastroEdição de vídeo: Raul Lima e Gustavo MirandaColaboração coreográfica: Roxy SanchezApoio: Rainha Loulou Couture, Physio Pilates Centro Master Ondina, Casa Charriot, Espaço Xisto Bahia, Escola de Dança da FUNCEB, Escola Contemporânea de Dança

ServiçoO quê? Me Brega, Baile! Quando? 06, 07, 08, 13, 14 e 15 de Março, às 20h Onde? Sala do Coro do Teatro Castro Alves Ingresso? R$30 (inteira) e R$15 (meia) – venda antecipada nas Bilheterias do SAC ou www.ingressorapido.com.br