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Maria Bethânia apresenta show da turnê “Abraçar e Agradecer” a partir desta sexta-feira (28), no TCA

Genilson Coutinho,
28/08/2015 | 09h08

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Era 13 de fevereiro de 1965. Chovia muito na cidade do Rio de Janeiro. Naquela noite estreava no Teatro Opinião, em Copacabana, uma nova cantora, menina de 17 anos, vinda do interior da Bahia, por indicação de Nara Leão, para substituí-la no espetáculo Opinião. Seu nome: Maria Bethânia. A direção do show era de Augusto Boal e os criadores do espetáculo Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha), Ferreira Gullar, Paulo Pontes e Armando Costa. No palco Zé Keti e João do Vale dividiam a cena com ela, que, a partir daquele instante, marcaria para sempre o cenário musical brasileiro. Com sua voz única e presença marcante, entoando “Carcará”, seu canto atravessou meio século e sobrevoa até hoje os céus do Brasil.

Cinquenta anos mais tarde ainda ouvimos e compartilhamos seu grito de guerra e amor, sua criação incessante, sua busca ininterrupta como artista e como uma das maiores e mais produtivas intérpretes que o Brasil já teve.

Comemorando 50 anos de carreira, a cantora Maria Bethânia traz para Salvador o seu novo espetáculo Abraçar e Agradecer, com apresentações nos dias 28 e 29 de agosto (sexta e sábado), às 21h, na Sala Principal do TCA. O novo projeto conta com direção, cenografia e criação de luz de Bia Lessa – que a acompanha como diretora em seus últimos espetáculos como Carta de Amor, Amor Festa e Devoção e Dentro do Mar tem Rio – e a coordenação e produção musical de Guto Graça Mello, produtor responsável por álbuns marcantes em sua carreira como Ciclo (1983) e As Canções que você fez pra mim (1993). A banda que a acompanha tem Jorge Helder (regência e contrabaixo), Túlio Mourão (piano), Paulo Dafilim (violas e violão), Pedro Franco (violão, bandolim e guitarra), Marcio Mallard (cello), Carlos César (bateria) e Marcelo Costa (percussão).

“O cenário e a luz, nesse show, são uma coisa só. A iluminação faz, muitas vezes, o papel da cenografia, criando ambientes e imagens”, explica Bia Lessa. A luz é assinada por Binho Schaefer, em parceria com a diretora, criando, com um cenário de LED numa pequena rampa, “o chão, a geografia, a estrada por onde a Bethânia caminha”, completa Bia. O show estreou no Rio de Janeiro no dia 10 de janeiro no Vivo Rio, com cinco apresentações e lotação esgotada, e assim tem sido em cidades por onde já passou: Brasília, São Paulo, Porto Alegre Curitiba, Belo Horizonte e também em Portugal (Lisboa e Porto).

Bethânia canta músicas de todos os tempos, inéditas ou não em sua voz, com canções compostas especialmente para ela nesta comemoração dos seus 50 anos por Paulo Cesar Pinheiro e Dori Caymmi (“Viver na Fazenda” e “Voz de Mágoa”) e trará textos de Wally Salomão, Clarice Lispector e Carmem Oliveira, além de apresentar compositores novos e uma versão inédita feita especialmente para ela por Nelson Motta, “Eu Te Desejo Amor” (Charles Trenet). Não ficam de fora músicas do repertório do seu último CD “Meus Quintais”, como “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), “Xavante” (Chico César) e “Casa de Caboclo” (Paulo Dafilim e Roque Ferreira), além de canções inesquecíveis de compositores que marcaram sua carreira como Caetano Veloso, Chico Buarque, Caymmi, Gonzaguinha, Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro.

Se 2014 foi um ano prodigioso – em que lançou o CD “Meus Quintais” e o documentário “(o vento lá fora)”, com leituras de poemas de Fernando Pessoa ao lado da professora Cleonice Berardinelli – o ano de 2015 está cheio de festas e homenagens. Além de comemorar seus 50 anos de carreira com esta turnê, Bethânia foi homenageada com o Prêmio da Música Brasileira no Theatro Municipal do Rio, com direção de José Maurício Machline, e na Feira de São Cristóvão/RJ em junho. No mês seguinte ganhou uma exposição com mais de uma centena de artistas plásticos com obras inspiradas nela, “Maria de Todos Nós”, que fica no Paço Imperial/RJ até 13 de setembro, e lançará o caderno de poesia da leitura “Bethânia e as Palavras” pela UFMG, com designer de Gringo Cardia, com o DVD desta leitura.

E as homenagens continuam em 2016: Bethânia será homenageada pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira com o enredo “Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá”.