Marcas se dão bem com ações para o público gay

Genilson Coutinho,
17/09/2012 | 08h09


Responsáveis por movimentar R$ 150 bilhões por ano só no Brasil, o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) tem se tornado cada vez mais importante para a economia. Donos de bom poder aquisitivo, fiéis às suas marcas preferidas e muito interessados em inovação, gastam até 30% mais em bens de consumo, 43% mais com lazer e 64% a mais com cosméticos dos que os heterossexuais, segundo pesquisa da consultoria InSearch.
Também são conhecidos por investir mais na própria educação e ter mais disponibilidade para se dedicar a carreira. Potencial que se explica principalmente pela diferença no estilo de vida – como a maior parte deles não tem filhos, sobra mais dinheiro para viagens, roupas, lazer e investimento no desenvolvimento pessoal.
No Rio de Janeiro, considerado hoje um dos principais destinos no mundo para o público LGBT, o impacto desse público na economia é evidente. Segundo dados divulgados pela Embratur, em 2010, 890 mil pessoas participaram da Parada Gay realizada na cidade, o que corresponde a 20% do total de visitantes ao Rio no ano. O mesmo levantamento indica que os homossexuais gastam três vezes mais e permanecem 2,5 vezes mais tempo na cidade do que heterossexuais.
As marcas já se conscientizaram da necessidade de criar ações focadas nos homossexuais porque não querem perder a chance de vender para um contingente estimado em 18 milhões de pessoas. O desafio é justamente como estabelecer essa comunicação e agregar ao negócio valores que se identifiquem com os desse público.
A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, criou uma Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual no ano passado, que promove cursos de capacitação para empresários e funcionários de estabelecimentos comerciais. Um dos principais pontos abordados é a importância de tratar bem todo turista independentemente da sua opção sexual, já que é nas sutilezas e no tratamento igualitário que uma empresa consegue encantar esse consumidor.

Esqueça campanhas mirabolantes. Dados do mercado e a experiência de quem sabe como lidar com esse consumidor mostram que o investimento financeiro é melhor aproveitado se utilizado em qualidade e inovação – duas características das quais os homossexuais não abrem mão. “As empresas precisam tratar esse público de forma mais natural, sem se preocupar com constrangimento. Quanto mais aberta for a cultura, menos ela será constrangedora.”, diz Luiz Redeschi, organizador da Expo Business LGBT, evento criado no ano passado para para incentivar o mercado voltado para o público LGBT e promover a troca de experiências entre empresas interessadas nesse consumidor.
O resultado do evento no ano passado foi tão positivo que a segunda edição ganhou mais um dia – acontece entre os dias 10 e 11 de agosto – no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo. Segundo Redeschi, o público do evento se divide entre empresas que querem se mostrar abertas a esse público e não sabem como e outras que criam políticas para funcionários do mesmo sexo. “Existe uma falta de preparo geral. Para um casal homossexual é constrangedor chegar a um hotel e a atendente não oferecer a opção de uma cama de casal, por exemplo. São ações simples que fazem diferença, mas que algumas empresas não percebem”, afirma.Com informações da revista Época Negócios