MANUAL DE DEFESA CONTRA ATAQUES HOMOFÓBICOS
Amigo Gay, Lésbica e Trans
A Lei está do nosso lado. A Constituição Federal e o Código Penal não nos proíbem andar de mãos dadas, abraçar e beijar em público. O que não é proibido é permitido! Fazer carinho em público é um direito de todo cidadão e cidadã! Diferentemente, crime comete quem nos ameaça, insulta ou agride por ser como somos. Crime é fazer sexo em público, atentado ao pudor, assédio sexual, pedofilia: devemos denunciar e erradicar tais ilícitos de nossa sociedade.
Quanto mais casais homossexuais demonstrarem carinho em público, muitos outros LGBT vão igualmente sair do armário e mais rápido a sociedade vai aprender a nos respeitar. Porém, como ainda existe muita gente ignorante, racista, machista, homofóbica e cheia de preconceitos; como têm ocorrido pelo Brasil a fora várias agressões e discriminações contra LGBT que manifestavam carinho ou simplesmente que foram identificados como “viados”, temos de estar preparados para evitar ser a próxima vítima, sem abrir mão de nossa liberdade de amar. Siga essas sugestões que certamente lhe ajudarão a sobreviver e enfrentar o“heterrorsexismo”- este o ódio homofóbico que infelizmente faz do Brasil o campeão mundial de crimes e assassinatos contra LGBT: um “homocídio” a cada 36 horas!
10 DICAS PARA SE DEFENDER DE ATAQUES HOMOFÓBICOS
1. 70% dos assaltos e agressões na rua podem ser evitados se prestarmos mais atenção ao nosso redor: ao sair de casa, sozinho ou acompanhado, olhe para todos os lados e esteja atento para se afastar de pessoas suspeitas que lhe despertem insegurança. Isso não é paranóia, é precaução! Procure estar sempre com as mãos livres.
2. Estando só, em casal ou em grupo na rua, olhe sempre para trás, para os lados e se ficou inseguro com a aproximação de alguém mal encarado, sobretudo bando de carecas, skin-heads, acelere o passo, atravesse para ao outro lado da rua, mude de direção, entre na primeira loja que encontrar, fique junto de outras pessoas. Tudo discretamente para não provocar irritação nos caras.
3. Mude sempre o itinerário que costuma seguir no cotidiano e preste atenção nas pedras, pedaços de paus, sacos e latas de lixo na calçada que poderão, numa emergência, ser usados para se proteger, para assustar o malfeitor ou revidar alguma agressão. Uma pessoa prevenida vale por duas. Evite dar pinta quando estiver sozinho ou em lugares isolados, pois marginais aproveitam da fragilidade dos gays para atacar.
4. Nós, gays, lésbicas e trans temos os mesmos direitos dos heterossexuais: não é crime andar de mãos dadas em público, abraçar, beijar, acariciar, seja na rua, seja em estabelecimentos comerciais. Atentado ao pudor é proibido para todos: nunca transe em parques, jardins, casas abandonadas, construções, praia, etc. É perigoso e pode ser preso. Evite paquerar e transar com tipos marginais, pois costumam ser mais violentos e homofóbicos.
5. Em restaurantes, praças de alimentação, jardins e lugares públicos, siga a maioria: se nenhum casal heterossexual estiver namorando, dando beijo de língua, é melhor não chamar a atenção. Carícias sexuais, além de ser crime de ultraje ao pudor público, geralmente provocam reação dos mais moralistas. Guarde tais manifestações homoeróticas mais explícitas para quando estiver em casa, boites ou saunas gays.
6. No caso de ser repreendido, insultado ou ameaçado de expulsão de estabelecimentos comerciais, pelo fato de estar namorando como os demais freqüentadores héteros, tenha calma: é melhor não discutir e não insulte o intolerante. Chame o gerente, o proprietário ou alguma autoridade e diga que homofobia é crime, o namoro não. Se houve agressão verbal ou física por parte de algum freqüentador ou funcionário, fale alto que está sendo discriminado por homofobia, para que todos saibam o que aconteceu, tente encontrar pessoas solidárias para vos defender e ser testemunhas da discriminação.
7. No caso de ser vítima de qualquer preconceito, discriminação ou violência, telefone para a Polícia (190), procure e exija educadamente intervenção ao policial mais próximo. Leve testemunhas e se possível também o agressor ou quem o discriminou. Faça Boletim de Ocorrência (B.O.) na delegacia do bairro onde ocorreu o crime e solicite requisição de corpo de delito. Faça os exames logo em seguida. Entre em contacto com o grupo lgbt mais próximo. Denuncie no Disk 100. Silêncio = Morte!
8. Sempre discuta e combine com quem estiver ao seu lado medidas de segurança e defesa mútua em caso de ameaça ou violência. Sobretudo de noite ou madrugada, evite ruas escuras ou desertas. Se repentinamente aparecer um ou mais potenciais agressores, o melhor é vocês saírem correndo juntos em direção a um local mais movimentado ou policiado. Cuidado para não tropeçar e cair no chão. Se não conseguir escapar, reaja, lute e se defenda com todas suas forças!
9. Se não teve tempo de se desviar, ao cruzar com um ou mais mal encarados, demonstre que você é forte, seguro e está preparado para se defender ou mesmo atacar se for ameaçado. Olhe com cara séria para quem te olhar, mostre discretamente seus punhos fechados na frente do peito como se fosse dar socos. Se o vagabundo vier com arma de fogo, fique imóvel e tente dialogar. Se mostrou uma faca, saia correndo.
10. Caso não tenha conseguido escapar, no caso de ser agredido, proteja sobretudo o rosto e a cabeça. Tire um sapato ou pegue algum pau ou pedra no chão e tente bater forte na cara do agressor: Use suas chaves, caneta, como arma para furar ou cortar o inimigo. Procure dar chutes na genitália do cara, enquanto se defende e revida seus ataques. Isso é legítima defesa da vida! Grite: Socorro! Fogo! Ladrão! Polícia! Homofobia! Faça tudo para fugir para longe. Gay LGBT vivo, evita o ataque do inimigo!
Por Luiz Mott
Luiz Mott é antropólogo. Fundador do Grupo Gay da Bahia e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia
Fonte: GGB
Foto: Reprodução