Mais de 2 milhões de pessoas são esperadas na 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo

Genilson Coutinho,
08/06/2012 | 16h06

A 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontecerá no próximo dia 10 de junho, domingo, na Avenida Paulista, deverá ter participação recorde de público. São aguardadas para este evento mais de 2 milhões de pessoas, milhares vindas de outras cidades e estados, e até do exterior. Com início previsto às 12h, a parada se estenderá até por volta das 20h. 

O Movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), que luta pela criminalização da homofobia, elegeu para a edição deste ano o jornalista e colunista Cesar Giobbi como ícone, símbolo da luta contra a discriminação, a intolerância, o preconceito e a violência cometidos contra a população LGBT. 

 Cesar Giobbi teve por anos a coluna Persona no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), um dos maiores e mais influentes jornais do País. Hoje mantém um site, que leva seu nome, o http://www.cesargiobbi.com.br .  Na redação do Estadão, Cesar Giobbi teria sido vítima de discriminação, intolerância e preconceito. O diretor de Conteúdo Ricardo Gandour ao passar perto da mesa do colunista na redação teria o hábito de intimidá-lo, comportamento típico de assédio moral, com insultos, provocações e palavrões impróprios num ambiente de trabalho. “Odeio bichas!” “Tenho nojo de gays” “Essa raça!”. Estas informações teriam vindo de pessoas ligadas à própria família Mesquita, dona do Estadão. Segundo fontes de quem trabalha no próprio Estadão, esse diretor teria o hábito de perseguir os gays e demais minorias dentro da redação do jornal, forçando-os ao constrangimento e a pedir demissão. Ricardo Gandour seria também um dos membros da Opus Dei. 

 Opus Dei

 Mas o que é a Opus Dei? A Opus Dei é uma suposta organização secreta dentro da Igreja Católica e sua ideologia seria ultraconservadora. Os historiadores e experts no assunto afirmam que essa organização não tolera os movimentos populares, gays, prostitutas, lésbicas, negros, nordestinos e assim por diante… Dizem que a organização manipularia a imprensa. Segundo informações de fontes fidedignas e de pessoas próximas à organização, com seus membros (professores) infiltrados nas universidades e faculdades bem como dentro das igrejas (padres), teria colaborado com os militares nos bastidores na época da ditadura militar, identificando e entregando supostos esquerdistas e pessoas suspeitas de subversão aos órgãos de repressão, que praticaram assassinatos, torturas e desaparecimentos. Funcionaria como uma máfia, e que parece buscar ter o poder político no Brasil através de seus “simpatizantes” doutrinados. 

 A Opus Dei, sustentada pelo capital espanhol, a organização controlaria jornais, universidades, tribunais e entidades de classe, sendo hoje peça chave para se compreender o processo político na América Latina, inclusive no Brasil. Seria a vanguarda das tendências mais conservadoras da Igreja Católica. “Este concílio, minhas filhas, é o concílio do diabo” teria dito seu fundador, Josemaria Escrivá de Balaguer, sobre o Vaticano II, no relato do jornalista argentino Emilio J. Corbiere no seu livro “Opus Dei. El totalitarismo católico”. A Opus Dei não criou o reacionarismo católico, antes, teve nele sua base de cultura. Mas sistematizou-o doutrinariamente e organizou politicamente seus adeptos de uma forma quase militar. Hoje, funcionaria como uma espécie de Internacional reacionária, congregando, coordenadamente, adeptos em todo o mundo. Concorreria para isto, nos anos 90, o ápice do poder da Obra no Vaticano e a invasão da América Latina por transnacionais espanholas. A Argentina entregou suas estatais de telefonia, petróleo, aviação e energia á Telefónica, Repsol, Iberia e Endesa, respectivamente. A Telefónica controla o setor também no Peru e em São Paulo. A Iberia já havia engolido a LAN, do Chile, onde a geração de energia também é controlada pela Endesa. Bancos espanhóis também chegaram ao continente neste processo. No Brasil, o Santander comprou o Banespa e o Meridional, enquanto que o BBVA recebeu os ativos do Excel através do Proer, no governo de Fernando Henrique Cardoso. “A Opus Dei tem sido para o modelo neoliberal o que foram os dominicanos e franciscanos para as cruzadas e os jesuítas frente à Reforma de Lutero” compara José Steinsleger, colunista do diário mexicano “La Jornada”. A organização atua também no monopólio da imprensa.  Controlaria o jornal “El Observador”, de Montevidéu, e exerceria influência sobre órgãos tradicionais da oligarquia como “El Mercurio”, no Chile, “La Nación”, na Argentina e “O Estado de S. Paulo”, no Brasil. O elo com a imprensa seria o curso de pós-graduação em jornalismo da Universidade de Navarra em São Paulo, coordenado por Carlos Alberto di Franco, numerário, comentarista do Estadão e da Rádio Eldorado suposto chefão no Brasil e um dos fundadores da organização no País. O segundo homem da Opus Dei na imprensa brasileira seria o também numerário Guilherme Doring Cunha Pereira, herdeiro do principal grupo de comunicação do Paraná (“Gazeta do Povo”). 

 Os jornalistas Alberto Dines e Mário Augusto Jakobskind denunciam que a organização controla também a Sociedade Interamericana de Imprensa SIP (na sigla em espanhol). Sediada na Espanha, a Universidade de Navarra é a jóia da coroa da Opus Dei no negócio do ensino. Sua receita anual seria de cerca de 240 milhões de euros. Além disso, a Obra controlaria as universidades Austral (Argentina), Montevideo (Uruguai), de Piura (Peru), de Los Andes (Chile), Pan Americana (México) e Católica André Bello (Venezuela). Dentro da igreja católica, a Opus Dei emplacou, na última década, vários bispos e Cardeais na América Latina. O mais notável é Juan Luís Cipriani, de Lima, no Peru, amigo íntimo da ditadura de Alberto Fujimori. Em seu estudo “El totalitarismo católico em el Peru”, o jornalista Herbert Mujica denuncia que quando o Movimento Revolucionário Tupac Amaru tomou a embaixada do Japão, em 1997, Juan Luís Cipriani, valendo-se da condição de mediador do conflito, instalou equipamentos de escuta que possibilitaram à polícia invadir a casa e matar os ocupantes. Na Venezuela, a Obra teve papel essencial no fracassado golpe de 2002 contra Hugo Chávez. Um dos articuladores da tentativa foi José Rodríguez Iturbe, nomeado ministro das Relações Exteriores. Também participou da articulação à embaixada da Espanha, governada na época pelo neo-franquista Partido Popular (PP). Após os reveses na Venezuela, as esperanças da Opus Dei voltaram-se para Joaquím Laví, no Chile, e Geraldo Alckmin, no Brasil, hoje seus quadros políticos de maior destaque. Joaquím Laví foi derrotado nas eleições presidenciais chilenas. Resta o Brasil, onde a Obra tenta fazer de Geraldo Alckmin presidente.  

 Entranhas mafiosas 

 Além das dimensões religiosa e política, a Opus Dei teria uma terceira face: a de sociedade secreta de cunho mafioso. Em seus estatutos secretos, redigidos em 1950 e publicados em 1986 pelo jornal italiano “L´Expresso”, a Obra determina que “os membros numerários e supernumerários saibam que devem observar sempre um prudente silêncio sobre os nomes dos outros associados e que não deverão revelar nunca a ninguém que eles próprios pertencem à Opus Dei.” Seria inimiga jurada da Maçonaria, ela copiaria sua estrutura fechada o que frequentemente serviria para encobrir atos criminosos. Entre os católicos, a Opus Dei é conhecida como “Santa Máfia”, Emilio J. Corbiere lembra os casos de fraude e remessa ilegal de divisas nas empresas espanholas Matesa e Rumasa, em 1969, onde parte dos ativos desviados financiou a Universidade de Navarra. Bancos espanhóis seriam suspeitos de lavagem de dinheiro do narcotráfico e da máfia russa. A Opus Dei também estaria envolvida nos episódios de falência fraudulenta dos bancos Comercial (Uruguai, pertencente à família Peirano, dona de “El Observador”) e de Crédito Provincial (Argentina). Na Argentina os responsáveis pelas desnacionalizações da petrolífera YPF e das Aerolineas Argentinas, compradas por empresas espanholas, em dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país, tiveram sua impunidade assegurada pela Suprema Corte, onde pontificava António Boggiano, membro da Opus Dei. No Brasil, as pretensões de controle sobre o Judiciário esbarrariam no poder dos Maçons. A Opus Dei controlaria, porém, o Tribunal de Justiça de São Paulo através da manipulação de promoções. Segundo fontes do meio jurídico paulista, de 25 a 40% dos juízes de primeira instância no estado pertenceriam à organização, proporção que se repete entre os promotores, no tribunal, a proporção sobe para 50 a 75%. Recentemente, o tribunal, em julgamento secreto, decidiu pelo arquivamento de denúncia contra Saulo Castro Abreu Filho, braço direito de Geraldo Alckmin, acusado de organizar grupos de extermínio desde a secretaria de Segurança, e contra dois juízes acusados de participação na montagem desses grupos. A fusão dos tribunais de Justiça e de Alçada, determinada pela Emenda Constitucional n.º 45, foi uma medida da equipe do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para reduzir o poder da Obra no judiciário paulista, cuja orientação excessivamente conservadora, principalmente em questões criminais e de família, seria motivo de alarme entre profissionais da área jurídica.