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Maioria diz que gênero e sexualidade devem entrar no currículo escolar, diz pesquisa encomendada pelo MEC

Genilson Coutinho,
05/02/2019 | 22h02

G1

Uma pesquisa interna encomendada pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado apontou que a maioria dos brasileiros é favorável à inclusão de questões sobre gênero e sexualidade no currículo escolar. Nunca divulgado publicamente, o levantamento foi obtido com exclusividade pela TV Globo por meio da Lei de Acesso à Informação.

Segundo a pesquisa, 55,8% responderam “sim” se a “abordagem sobre as questões de gênero e sexualidade deve fazer parte do currículo escolar”. Outros 38,2% foram contra a medida, e 6% dos entrevistados não souberam responder.

Os entrevistados também foram questionados sobre quais são os principais problemas nas escolas públicas (assista mais no vídeo acima).

A pesquisa foi feita pelo Instituto GPP e custou ao MEC R$ 216.240,00. O instituto já realizou uma série de pesquisas para empresas, públicas e privadas, bem como para políticos.

Procurado, o MEC confirmou a compra da pesquisa pela gestão anterior, mas não esclareceu os motivos de tê-la contratado e nem do porquê de nunca ter tornado públicos os seus resultados. O governo não comentou os resultados do levantamento.

Diferenças regionais A quantidade de pessoas favoráveis a essa abordagem aumenta na região Sul (63,1%) e Centro-Oeste e Norte (60,4%). Na região Sudeste, 52,5% concordaram com a afirmação. A afirmação ganha respaldo também entre a maioria dos católicos (57,5%), mas não entre evangélicos, grupo em que apenas 46,7% defendeu a inclusão do tema no currículo. O levantamento também questionou se o preconceito contra os gays é um tema que deveria ser incluído no currículo – 65,2% defenderam a medida. Os dados contrastam com a visão da atual gestão do Ministério da Educação. O ministro Ricardo Vélez Rodríguez já fez críticas públicas à discussão de gênero no currículo e chegou a afirmar que “quem define gênero é a natureza”. O termo “ideologia de gênero”, um conjunto de ideias que defende que cabe a cada pessoa se definir homem ou mulher e é frequentemente usado por grupos religiosos para criticar a discussão sobre gênero no ambiente escolar, também foi alvo da pesquisa. A maioria dos entrevistados (62,6%) não soube definir o que a expressão significa. Dentre os que sabiam (37,4%), a maioria (52,3%) disse ser contra o tema estar no currículo escolar, ante 45% de favoráveis.