“Lutamos em prol da vida de crianças com HIV”, diz Padre Alfredo

Genilson Coutinho,
13/02/2013 | 14h02

Fundada por Maria Conceição Macedo em 1989, no bairro de Pernambués, a creche Conceição Macedo lançou, no último dia 30 de janeiro, a 6ª edição do seu calendário solidário. Idealizado pelo fotógrafo e designer Marcelo Mendonça, o projeto tem como objetivo de arrecadar verba para custear despesas da instituição que atende 84 crianças portadoras de HIV e suas famílias. A equipe Dois Terços compareceu ao lançamento e conversou com Padre Alfredo, um dos fundadores da creche. Confira:

DT – Qual a atual situação da creche e das crianças?

PA – Infelizmente a situação continua cada vez pior por falta de ajuda do governo, que não entende ou não enxerga a importância de um projeto como o nosso, pioneiro no Brasil no que se refere ao atendimento a crianças com HIV e suas famílias, um cuidado que vai desde a alimentação até a educação. É muito triste essa falta de sensibilidade. Prova disso é a falta de professores, estamos sem nenhum no momento e as crianças estão sem aula. Certa vez recebemos uma professora da prefeitura que usava um saco plástico para dar aula e tocar nos meninos. Não deu outra, preferimos ficar sem, pois é impossível entender um cidadão como ela, que se dizia educadora, porém como toda Salvador também vivemos na expectativa de um tratamento melhor pelo novo prefeito e por seus gestores.

DT – Como é a relação da comunidade local com a instituição? Já sofreram algum tipo de preconceito?

PA – Jamais. Essa comunidade é muita parceira e solidária com a nossa causa. Eles estão sempre dispostos a nos ajudar, pois entendem a importância da luta da creche e da vida dos meninos e meninas assistidos por nós. Tem momentos que ficamos pensando o que seria de nós se não fosse a nossa comunidade.

DT – De que maneira vocês estão trabalhando com as mães dessas crianças?

PA – Existe todo um processo de conhecimento e tratamento dessas mulheres que trazem seus filhos para nossos cuidados e que continuam com sua vida sexual ativa com seus parceiros, inclusive gerando outros filhos com sorologia negativa. Aqui fazemos o tratamento completo com os medicamentos e acompanhamos tudo de perto. Muitas mulheres já engravidaram e seus filhos nasceram livres do vírus. Tudo isso em função do nosso trabalho. Isso é maravilhoso e poderia ser levado como exemplos para outras cidades.

DT – Além do atendimento as crianças e suas famílias, existem outros projetos voltados para prevenção?

PA – Sim, temos dois projetos voltados para prevenção das comunidades de ruas realizados nas noites de quarta-feira, no centro da cidade, com nossos voluntários. Eles atendem a população de rua portadora do HIV e buscamos, de alguma forma, contribuir com a valorização da vida dessas pessoas, fazendo o encaminhamento para os órgãos responsáveis. Já nas noites de quinta-feira, são os profissionais do sexo que recebem nosso carinho e atenção, além de material de prevenção com objetivo de incentivar o uso da camisinha. Prevenimos muito sobre a situação do cliente que oferece um valor maior para transarem sem camisinha, fato muito comum entre os estrangeiros que oferecem às vezes o dobro do programa. Não tiro da minha cabeça a mensagem para eles e elas da importância da vida e dos problemas que eles poderão ganhar no futuro sem o uso do preservativo.

DT – A instituição tem um grupo de voluntários? Como é feito esse recrutamento do voluntariado?

PA – As portas estão sempre abertas. Basta ter vontade e disposição para nos acompanhar na creche e nas saídas noturnas. O primeiro passo é nos ligar para combinar um horário de visita e fazer um cadastro para conhecer o projeto. Em seguida, participar de um curso sobre HIV e de como lidar nas abordagens  com nossos colaboradores, se preparando para entrar nesse time do bem.

DT – Como as pessoas podem ajudar?

PA – Para ajudar nossas crianças e suas famílias, estamos recebendo doações de roupas e alimentos aqui na nossa sede, além das doações em dinheiro através da nossa conta corrente. Outra maneira de ajudar é comprando o calendário, que custa R$ 15,00 e tem arrecadação totalmente revertida para a instituição.

 

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