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Livro “Notícias de Homofobia no Brasil” foi lançado em Brasília

Genilson Coutinho,
25/11/2014 | 23h11

homofobia

Um homem de 23 anos foi encontrado morto em via pública, com as mãos amarradas nas costas e o short abaixado até os joelhos. Ele não foi identificado, nem a causa da sua morte foi divulgada. Isto é uma ficção, mas você já leu esta história em vários jornais diários. Este homem era homossexual, e sua morte foi causada por sua orientação sexual. Porém, a polícia não investigou o caso e os jornais não divulgaram seu assassinato. Ficou parecendo real? Casos como este acontecem diariamente, mas o tratamento dado reduz as vítimas às suas sexualidades. Este é um dos temas discutido no livro “Notícias de Homofobia no Brasil”, organizado por Debora Diniz e Rosana Medeiros de Oliveira, o livro foi na segunda-feira (21), em Brasília, pela Editora Letras Livres. O livro será distribuído gratuitamente e terá também uma versão digital.

A obra apresenta a análise de dados do Observatório sobre Direitos Sexuais nas Mídias Brasileiras, mais de 600 veículos em plataformas impressas e digitais, do período entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2013 foram analisados. A pesquisa, financiada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi executada pelo Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis). Especialistas de áreas diversas escreveram textos a partir da análise dos dados do Observatório e temas, como o enquadramento da notícia como questão política para o campo dos direitos humanos, o enquadramento da violência homofóbica controvérsias políticas e morais sobre violência homofóbica, lesbofobia, violência e precarização da vida, além de questões legais e jurídicas estão presentes na obra.

A professora da Faculdade de Comunicação da Ufba, Malu Fontes, escreveu o capítulo de abertura da publicação, no qual aborda o recorte dado pela imprensa a crimes com marcas de comportamento homofóbico. Segundo ela, os crimes que ocorrem por homofobia, que na verdade não é considerado crime, apresentam, em sua maioria, algo em comum: a banalização. “Na maioria das vezes, em crimes com marcas de comportamento homofóbico as vítimas são reduzidas às suas sexualidades. Elas não aparecem nos jornais porque são jovens ou por seus empregos. Elas aparecem como homossexuais, transexuais, que muitas vezes não têm nem nome. A vítima nunca aparece como cidadã que foi morta em devida circunstância, ela é sempre reduzida ao fato de negociar preços para realizar programas, a em que posição seu corpo foi encontrado”, afirma Malu Fontes em entrevista ao Metro 1.

Segundo Malu, durante as pesquisas realizadas, foi possível perceber como a mídia praticamente não noticia casos de mortes por homofobia. “Não achamos grandes reportagens sobre o assunto, são sempre pequenas notas. Não existem matérias comparando dados dos estados, da atuação da polícia ou o número de pessoas que foram presas por matar alguém por ‘homofobia’. A forma como a imprensa noticia estes crimes é muito superficial e sempre acaba responsabilizando a vítima”, conclui. Com informações do Metro 1