Leandro Colling: “Somos criados para ser heterossexuais”

Redação,
26/05/2013 | 14h05


Crítico da chamada norma heterossexual na sociedade contemporânea, professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e pesquisador do Centro de Cultura e Sexualidade (CUS) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Leandro Colling explica como preconceitos sociais e tabus referentes à sexualidade ainda são mais comuns do que se imagina.

Existe uma heteronormatividade?

O conceito de heteronormatividade tem sido muito utilizado e se defende que sim, que existe uma heteronormatividade. Mas, afinal de contas, o que é que isso? É o termo que se vem utilizando para pensar como a heterossexualidade não é simplesmente mais uma expressão da sexualidade, mas ela é a que é obrigatória e gera um conjunto de normas de como é ser alguém que cumpre os requisitos do que é ser um bom heterossexual.
E qual o problema disso?
O problema é que você trabalha com a lógica de a heterossexualidade ser naturalizada como a única expressão da sexualidade. Que todo mundo tem que se comportar como tal e que todas as outras pessoas que não seguem esse script serão vítimas de violência e terão uma série de direitos civis negados.
O senhor utiliza conceitos desenvolvidos pelos estudos queer em suas pesquisas, especialmente Judith Butler. Qual seria a maior contribuição de tais estudos?
Os estudos queer não são apenas sobre e para gays, lésbicas ou trans. É sobre a heterossexualidade que tenho mais falado nos últimos anos e denunciado o quanto ela é obrigatória. Por que sempre se pergunta a causa da homossexualidade e não se pergunta a causa da heterossexualidade? Por que eu tenho que descobrir qual é o gene gay e não tenho que descobrir qual é o gene hétero? Porque somos criados para ser heterossexuais. Existe o que Guacira Lopes Louro (professora e fundadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero) chama de uma pedagogia da sexualidade. Temos um sistema familiar educacional, religioso e estatal que exige que todos nós, se não praticarmos sexo heterossexual, pelo menos, nos comportemos como heterossexuais.
Leia a íntegra da entrevista na edição deste domingo da revista Muito.