Klecius Borges fala sobre terapia afirmativa no Marília Gabriela Entrevista

Genilson Coutinho,
30/05/2013 | 09h05


O Marilia Gabriela Entrevista de domingo (4), às 22h, traz o psicoterapeuta Klecius Borges, especialista em terapia afirmativa de gays, lésbicas e bissexuais. Com dois livros publicados, ele se dedica há dez anos à clínica homoafetiva, orientando homossexuais e suas famílias. Assista a um trecho da entrevista abaixo:

Gabi quer saber do convidado o que é a terapia afirmativa. O médico esclarece que é uma atitude: “A psicologia tradicional passou anos tratando as diferenças sexuais como um tipo de distúrbio. A terapia afirmativa ajuda as pessoas que fizeram uma opção homossexual a encontrar um lugar ao sol. Hoje, nos referimos ao tema usando o termo homossexualidade e não homossexualismo, que pressupõe uma doença”.

Preconceito na sociedade brasileira

Sobre a diversidade sexual, a apresentadora questiona se acabou o preconceito. “Não, o preconceito ainda é muito forte. As discussões sobre o tema estão mais abertas, mas isso não acabou necessariamente com o preconceito”, responde Borges. O especialista considera que a legislação brasileira ainda está muito atrasada. “O judiciário tem dado ganho de causa em alguns casos de adoção e relações homoparentais. Mas há um longo caminho a percorrer. Não existe lei que assegure direitos aos gays. A Argentina, por exemplo, já tem um projeto de lei que permite o casamento de casais do mesmo sexo. Muitos juízes são contra a adoção por entenderem que um casal gay acaba criando um filho homossexual. Na minha visão, o que importa é a relação familiar saudável. Não necessariamente precisa ser composta por pai, mãe e filhos”, esclarece.

No Brasil, 96% da população se diz contra a discriminação aos gays e, ao mesmo tempo, a cada dois dias, um homossexual é vítima de crime de ódio. O médico explica: “Boa parte da sociedade brasileira diz aceitar as relações homossexuais, mas na prática, o que vejo é a dificuldade que as pessoas sentem em conviver com o que é diferente”.

O médico conta, ainda, que em sua clínica não atende adolescentes, por entender que os pais nessa fase precisam de uma opinião isenta. “Por eu ser um terapeuta afirmativo, pode parecer uma forma de pressão para muitos pais que buscam uma ‘cura’ para os filhos. Muitos pais aceitam racionalmente, mas não emocionalmente”. Para Borges, a terapia afirmativa trabalha a autoaceitação e o reconhecimento de que além da sexualidade existe a expressão do afeto. “A orientação sexual tem a ver com o amor. É nisso que acredito”, conclui.