Intelectuais e ativistas comentam 32 anos de história do GGB

Genilson Coutinho,
06/03/2012 | 10h03

Para marcar os 32 de história do primeiro grupo gay do Brasil nossa equipe conversou com militantes, artistas, professor e com Marcelo Cerqueira, atual presidente do GGB, para sabermos o que eles têm a dizer sobre esse importante grupo gay da Bahia e referência no Brasil e no mundo.

Professor Sergio Sobreira

“Ver o GGB alcançar 32 anos de luta e ação contínuas em prol da comunidade homossexual é para ser comemorado com alegria, esperança e atenção. Alegria e esperança porque, a despeito do enfrentamento de dificuldades, o saldo de conquistas e vitórias é inegável e muito positivo. Nenhum grupo alcançou a longevidade nessa área com a credibilidade que o GGB tem. Atenção, porque a luta deve e precisa continuar. O preconceito e a intolerância que resultam em violência e opressão contra gays ainda se mantem com suas marcas de estupidez e brutalidade. A sociedade ainda precisa mudar muito. As transformações em curso apontam para um futuro melhor, mas a atuação de segmentos conservadores da sociedade, notadamente os ligados a entidades religiosas, demonstram que não podemos recuar e vacilar, serão seremos colhidos pela repressão e opressão que esses grupos tanto querem perpetrar contra os gays. Parabens, GGB! A luta continua!”, declarou o Professor Sergio Sobreira

 

 

Nilton Luz

“O GGB foi uma escola para a maioria dos militantes da Bahia, organizou boa parte dos grupos LGBT locais em funcionamento, e consolidou o modelo de disputa de visibilidade à moda nacional. Para o bem ou para o mal, é impossível pensar no movimento LGBT sem pensar no GGB.”

“Aliás, o GGB possui um grande acervo à respeito do movimento LGBT, e acredito que devemos começar a estudá-lo para manter nossa história em nossa mamória”

Nilton Luz

Rede Nacional de Negras e Negros LGBT 

“Pra mim o GGB é um Patrimônio de grande valor na Bahia pelo seu reforço e muito importante para o estado por suas lutas históricas do movimento na luta contra a homofobia no Brasil e para garantia dos direitos pra a população LGBT. Hoje, podemos contar com varias instituições que foram criadas e apoiadas pelo GGB até para fortalecer a uma luta que precisa cada vez mais ter força nesses país”, disse o presidente do Comitê Desportivo GLS da Bahia-GDG-Bahia.

Franklin Silva

Franklin Silva

“O Grupo Gay da Bahia é uma referência na luta das minorias no Brasil. Mais que um Grupo que cuida das causas gays, o GGB é um pilar de força para o movimento e também de denúncia para a violência que ainda acomete os LGBT’s nesse país. Se hoje já há uma visibilidade para a causa dos homossexuais, muito se deve ao trabalho desenvolvido pelo GGB nesses 32 anos. Quem veio depois deve pedir à benção a esses desbravadores e tratá-los com o devido respeito e quem veio antes sabe muito bem da importância de quem deu a cara à tapa para que hoje os gays sejam tratados com mais respeito”, afirmou o ator, diretor teatral e poeta João Figuer

 

 

 

 

 

O diretor teatral João Figuer

 

“O GGB – Grupo Gay da Bahia é a Mãe de todas nós, sem fobia de misturar masculino e feminino nesta afirmação sem preconceito de gênero, grau e orientação sexual. Mesmo que já existissem Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais há séculos, a história demonstra que há 32 anos atrás após ação judicial para registro do Estatuto, também oficializava-se com aquele ato a adoção pela Mãe-Mor do Movimento LGBT a inúmeros (as) renegados (as) por toda a sociedade devido a orientação sexual e identidade sexual. Não se trata de diminuir o amor que tantas Mães, Pais, Tias e protetores (as) deram a homossexuais, familiares de sangue ou de adoção, mas reconhecer um ato público e oficial que marcou a vida destas pessoas, principalmente após o período de trevas na democracia que tivemos. Vida longa ao GGB, que muitas vezes discordamos como filhos (as) que vivem em outras eras e acreditam em outras ideologias, mas que reconhecem a importância das suas raízes e o papel imprescindível do Grupo Gay da BAhia na história de cada um (a)!”, emocionou-se Renildo Barbosa, presidente da PRO Homo .

Renildo Barbosa

“O grupo Gay da Bahia é a mais antiga entidade em defesa dos direitos LGBTs do Brasil e América Latina. Sem dúvida, nesses 32 anos de luta, conscientização e tantos trabalhos realizados, prestaram relevantes serviços à nossa comunidade trazendo mais que visibilidade, conquistas de espaços e direitos. Drº Luiz Mott, antopólogo e fundador da ONG é um símbolo genial da resistência gay  que soube com brilhantismo aproveitar às oportunidades e potencializar a batalha pelos direitos civis dos homossexuais na Bahia e Brasil. Fazendo do GGB uma marca e bandeira nacional. Inquieto, provocador, polêmico, combativo, atual. Poucos são os que persistem ‘no batente’ por tantos anos e de forma ininterrupta. Os (as) principais ativistas da Bahia, são direta ou indiretamente influenciados pelo GGB. Fala-se muito que a entidade é ‘HISTÓRIA’, acredito que o grupo continua fazendo história e na vanguarda, sempre se reinventando. Prova disso é sua jogada de mestre (sic! De doutor) ao escolher Claudia Leitte para ser Madrinha da XI Parada Gay da Bahia. Mas que uma ‘jogada’ de marketing, é sobretudo uma lição de cidadania, política e estratégia ‘pedagógica’ que fez a discussão sobre homofobia, mídia, movimento LGBT e seu diálogo com congêneres – como o negro e feminista – efervescer na imprensa e redes sociais, fazendo com que mesmo o (a) LGBT mais despolitizado (a) e jovens que não mostravam interesse consciente pela causa, passassem a refletir e pensar, na busca pelo embasamento para suas argumentações, posicionando-se diante da (s) questão (ões) seja em prol ou contra. Só este debate, já é um ganho ditático que não pode ser subestimado, e que já valeu pela parada.”, afirmou o coordenador geral do Instituto Adé Diversidade Bahia, Ícaro Ceita.

Coordenador geral do Instituto Adé Diversidade Bahia, Ícaro Ceita