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Instituições públicas debatem sobre o tráfico de travestis e transexuais em Salvador

Genilson Coutinho,
24/07/2015 | 10h07

paule21

A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social – SJDHDS – realizou uma roda de conversa sobre tráfico de travestis e transexuais para fins de exploração sexual no exterior. O evento foi realizado na manhã da última quarta-feira (21), no auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia e contou com a participação de várias instituições.

No debate, os convidados discutiram os problemas reais do tráfico. Foi constatado que o tráfico de pessoas é a terceira atividade mais lucrativa, perdendo só para o tráfico de drogas e de armas. Para Paulete Furacão, conselheira do LGBT da Bahia, os negociantes preferem pegar pessoas de baixa renda porque sabem que a família não tem dinheiro para resgatar dessa vida. Contrabandistas atraem essas pessoas com promessas de oportunidades melhores de trabalho.

O Brasil é um dos principais fornecedores de mulheres, travestis e transexuais para o exterior. E a cidade de Feira de Santana é uma das que mais exportam por está na rota do tráfico interno – tráfico de um Estado para outro. Segundo a promotora de justiça Márcia Teixeira, representante do Ministério Público, não dá para falar do tráfico internacional sem falar do tráfico interno. “Muitas vezes é o tráfico interno que abastece o tráfico internacional. Em Feira de Santana foi identificado muitos travestis, meninos, mulheres na exploração a partir desse tráfico, através de uma pesquisa feita pela Pestraf (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial)”.

“Os travestis e transexuais são motivados pela promessa da realização da cirurgia de mudança de sexo, o que acabam se tornando alvos fáceis desses aliciadores, por falta de informação. Sem saber que no Brasil já faz cirurgia desse porte pelo SUS. O Brasil tem cinco hospitais que realizam esse tipo de cirurgia”, relata a defensora pública, Betânia Ferreira, ao falar das armadilhas que muitos transexuais caem por falta de informação, tanto sobre o que Brasil oferece, quanto ao procurar detalhes do emprego e do empregador.

Para o diretor Jener Freire, do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, o acesso à informação é um fator determinante pata impedir o aumento do tráfico. “Quando adolescente, vivenciei episódio de tráfico de pessoas, sem saber que se tratava disso. Hoje enxergo que aquelas pessoas foram vítimas de tráfico e se soubesse talvez seria diferente, se bem que naquela época não tínhamos acesso fácil a informações como hoje. Se fosse hoje, com todo acesso à informação, não deixaria isso acontecer, denunciaria o caso”.

Durante a conversa, para os representantes das instituições a solução para diminuir o tráfico de pessoas é reduzir a vulnerabilidade população. “A política social deve diminuir a vulnerabilidade para que essas pessoas não se tornem vítimas, já que o fator determinante é a pobreza”, reforça a defensora pública Betânia.