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Héteros atacam casal lésbico dizendo que “não gostam de sapatão”

Genilson Coutinho,
26/08/2017 | 17h08

 

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A cada dia que passa, a sociedade brasileira parece retroceder cada vez mais à Idade Média. As redes sociais estão cheias de relatos de pessoas vítimas do ódio, da intolerância e do fundamentalismo.

Recentemente, um casal de lésbicas em Santos foi atacada por um casal heterossexual, após “tensões” no trânsito, quando ambos os casais tentavam estacionar seus veículos em vagas próximas.

O incidente aconteceu na terça-feira, 22, na Avenida Floriano Peixoto, no Bairro Gonzaga, em Santos, litoral de São Paulo. Parte da confusão foi gravada por uma das vítimas.

Uma das jovens afirma que o homem e a mulher no carro buzinavam incessantemente enquanto ela tentava estacionar o carro. Segundo alega, ela não compreendia o porquê da raiva, sendo que havia vaga para ambos os veículos.

“A minha namorada foi parar o carro e esse casal, em outro veículo, na frente, começou a buzinar. Cabiam os dois carros nas vagas e não entendemos o motivo daquilo tudo”, disse uma das jovens.

Quando os dois casais estacionaram seus veículos, o homem foi até o carro do casal de namoradas tomar satisfação. “Ele chegou para a minha namorada e disse: ‘Você é bem folgada’. Daí, eu saí do carro perguntando o que estava acontecendo. Foi quando eu ouvi: ‘Chegou a namorada para te defender”, continua.

Em determinado momento da discussão, a mulher que acompanhava o homem teria dito, segundo as meninas, que “não era obrigada a aguentar essa raça”, e pediu para o marido “deixar essa sapatão” para evitar alguma confusão maior.

Foi aí que uma das vítimas pegou o celular e foi atrás do casal para que ela repetisse o ataque homofóbico. Nas imagens, despreocupada, pois sabe que nada vai lhe acontecer, a mulher segue com seus comentários preconceituosos: “Não sou obrigada a gostar de sapatão”, afirma. O marido finaliza dizendo que “vota no Bolsonaro”.

Uma das jovens relatou o caso no Facebook, que repercutiu entre os internautas. “[Depois que tudo passou], eu sinto bastante revolta. O que é mais triste é que eu não me sinto surpresa. A gente sofre com isso [homofobia] sempre, mas foi a primeira vez com um casal mais velho, de senhores. Todas as vezes a gente deixa passar batido, mas agora foi diferente”, define a estudante.

As duas estão namorando há pouco mais de um ano. “Eu fico triste e decepcionada. A gente está na rua, ou algum lugar, já ouve esse tipo de coisa. A gente passa por essas coisas direto, infelizmente. Às vezes, a gente até vai preparada, sabendo que vai acontecer. Dessa vez, surpreendeu”, complementou a namorada.

As jovens, que pediram para ter as identidades preservadas, ainda discutem se vão registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil sobre o episódio. Elas estão sendo assistidas por uma advogada sobre como proceder.

Da Acapa