Heróis cotidianos

Márcia Santos,
30/12/2010 | 01h12

O jornalista Daniel Sena fala ao Dois Terços sobre seus novos projetos, que inclui o Baianada Cultural e a série com temática GLS “Apenas Heróis”, da qual é diretor, e é hoje uma das mais assistidas na internet.

DT – Você é o idealizador do projeto Baianada Cultural. Fale-nos um pouco deste projeto.

DS – A “Baianada Cultural” consiste na produção de vídeos em formato de curtas, séries e minisséries que serão disponibilizados na internet, através do site www.baianadacultural.com, com a participação de artistas baianos. Além desta produção, o projeto contará com entrevistas, notícias, informações sobre axé music, teatro, cinema e tudo aquilo que é produzido no segmento cultural no Estado da Bahia. O objetivo é dá uma sacudida na cultural local. O projeto é independente e conta com o apoio da Faculdade da Cidade do Salvador que fornece os equipamentos para as filmagens e os laboratórios de edição de áudio e vídeo, além dos funcionários capacitados para manejá-los.

DT – “Apenas Heróis” terá 14 episódios sobre a temática GLS. Essa será a temática dos próximos vídeos?
DS – “Apenas Heróis” é uma das séries que estamos produzindo. Ela é exibida uma vez por semana, desde a primeira quinzena de setembro e tem uma temática voltada para o público GLS, retratando através dos personagens um pouco desse universo. Outras produções vão seguir segmentos de comédia, drama, terror e outros gêneros. No processo de elaboração dos roteiros, não poderíamos deixar de lado o público gay, não por questão de cota, mas pela importância de se mostrar que é possível apresentar a diversidade sexual de uma forma leve e respeitosa. Tivemos o cuidado de colocar no enredo fatos que poderiam acontecer com qualquer pessoa, sendo elas gays ou não. Vamos produzir outras histórias com temática GLS, talvez uma segunda temporada. Nesta primeira leva de vídeos, ainda temos “Crença e Fé”, que é uma sitcom, “Novos novos baianos”, um musical em homenagem aos Novos Baianos e um programa de cultura alternativa.

DT – Como nasceu a ideia de criar uma plataforma virtual para disponibilizar os conteúdos?
DS – Desde o início, a ideia da “Baianada Cultural” nasceu independente. Não queríamos produzir e ficar à mercê da boa vontade das emissoras de TV para exibi-las, ou de patrocínios que a viabilizassem. Daí resolvemos criar um site, em que qualquer pessoa com acesso a internet poderia assistir nossas histórias. O portal vai conter todo o nosso acervo. É um trabalho alternativo que pretende mostrar os artistas que temos. A Bahia tem excelentes atores que na maioria das vezes não têm oportunidade de aparecer. Uma das funções do jornalista é informar e eu, como profissional, estou fazendo isso com muito bom gosto. Confio no meu casting e na minha equipe e tenho certeza que temos condições de deixar de ser alternativa para ser prioridade.

DT – O elenco teve uma preparação especial para esse trabalho? Eles são de Salvador?
DS – Todos os atores que fazem parte do elenco de “Apenas Heróis” são de Salvador. Muitos são conhecidos do teatro e uma boa parte está fazendo seu primeiro trabalho em vídeo. Mas aceitaram o desafio de participar de uma série que tem temas fortes e polêmicos e com a vontade de fazer dar certo. Não houve qualquer especificação para escolher o elenco, eles receberam o roteiro e ficaram à vontade para aceitar ou não participar. Estamos focados num objetivo, queremos contar uma boa história que poderá ser assistida independente da sexualidade. Temos personagens que abordam temas que podem acontecer com qualquer um: AIDS, ciúmes, traições, amores impossíveis. É uma espécie de novelão, só que com muitos gays como protagonistas.

DT – Existe algum motivo especial para o título “Apenas heróis”?
DS – Sempre quis que “Heróis” fizesse parte do título. Por si só, acho que os personagens que fazem parte do enredo são heróis, porque herói é aquele que tem sonhos, que abre mão pelo outro, são pessoas que estão ali para salvar as outras, ajudar e muitas vezes não conseguem fazer nada por elas mesmo, mas nem por isso reclamam. Não é um “super-herói”, é algo comum que tem dentro da gente que em algumas situações nos tornam “Apenas heróis”. É uma metáfora poética. O casal protagonista passa por um conflito em que precisam se unir contra o preconceito e a distância para ficarem juntos. Alguns personagens sofrem, mas não podem desistir de lutar. É uma mensagem que queremos passar, descobrir quantos atos de heroísmo somos capazes de fazer por quem amamos.

DT – Um dos objetivos do projeto é abranger outros estados brasileiros. De qual maneira os interessados no projeto poderão contribuir?
DS – Como falei anteriormente, temos um projeto independente. Tudo depende da boa vontade das pessoas envolvidas. Aqui em Salvador estamos buscando fechar parcerias com empresas ou estabelecimentos que se interessem em nos apoiar, seja com figurino, alimentação ou locações para as gravações. Estamos produzindo um trabalho de qualidade e temos certeza que somos capazes de oferecer retorno para qualquer marca. Fora do estado, a divulgação é essencial para que o projeto caminhe. Estamos tomando nossas providências, mas toda ajuda é bem-vinda! As pessoas que quiserem conhecer um pouco mais da série pode nos seguir no twitter: @apenasherois ou visitar o blog www.apenasherois.blogspot.com