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Grupo de torcida LGBTQI+ do Vitória relata ameaças em redes sociais

Genilson Coutinho,
02/01/2020 | 09h01

Metro 1

A torcida “Orgulho Rubro Negro”, movimento de torcedores LGBTQI+ que busca inclusão no Esporte Clube Vitória, relatou, por meio do Twitter, que um dia após a criação de um grupo no aplicativo WhatsApp divulgado nas redes sociais, receberam ameaças e áudios ofensivos.

Os ataques seriam tanto de torcedores rubro-negros quanto do Esporte Clube Bahia. “Recebi mensagens como: ‘pare agora ou depois vai ser tarde’. ‘Lixo gay’ e etc… Viemos por meio desta nota expressar nosso repúdio a estas atitudes LGBTfóbicas e avisar que providências judiciais estarão sendo tomadas”, publicou a torcida, no comunicado no Twitter. 

Na nota de repúdio, o grupo também afirmou que não pretende parar com as atividades.

Ao Metro1, Wendel de Queiroz, que administra a página, contou que o grupo foi criado no aplicativo de mensagens para reunir integrantes, mas acabou sendo alvo dos ataques. “Nosso link foi exposto como forma de “recrutamento”. Esperávamos ataques e gozações por parte da torcida rival, mas não esperávamos ataques tão sérios e que colocaram em risco nossa segurança. Passaram tanto do limite que ameaçaram até um companheiro da Torcida LGBTricolor (Onã Rudá)”, contou. Ainda segundo ele, o grupo reúne anexos para levar para o Ministério Público, que já está sabendo do caso. 

Integrante da Torcida LGBTricolor – também voltada para a diversidade -, Onã Rudá relatou ao Metro1 que sofreu os ataques depois de divulgar nas redes sociais a existência do movimento “Orgulho Rubro Negro”.

“Um torcedor veio até o meu privado para falar para eu ter cuidado. Depois ele me falou que era brincadeira, que era outra coisa, que eles estavam pensando que eu que estava organizando a torcida do Vitória e não podia. Óbvio que não. Mas o que mais me preocupou não foi essa ameaça em que eu consegui conversar com o rapaz depois, foram as outras, da galera mandando nos grupos que isso não ia acontecer. Das pessoas printando fotos minhas nas redes e postando em vários grupos. Estavam fazendo um mapeamento meu e isso é gravíssimo sob vários aspectos, que demonstram uma tentativa de localizar, mais do que ameaçar, atingir a integridade física”, lamentou.

Rudá também disse que pretende tomar medidas cabíveis contra o ataque que sofreu. “Vejo isso com muito receio e fico triste de perceber que a gente vivencia dentro do Vitória a negação das pessoas LGBTs. Divulguei que a torcida da Vitória estava surgindo e só por isso acharam que eu estava por trás disso. A ânsia de encontrar um culpado que possam intimidar é uma coisa assustadora. Estou tomando medidas que tem que ser tomadas, mas quero deixar um recado para quem se achou no direito de nos ameaçar que não vamos recuar e vamos ocupar o estádio. A nossa existência é um fato e não podem matar todos nós”, disse.