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Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação divulga nota de apoio a Tedson Souza

Genilson Coutinho,
01/04/2016 | 20h04

O Gira, Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação (UFBA), divulgou, na última quinta-feira (31) , uma nota de apoio ao pesquisador Tedson Souza, pelas agressões verbais e vexatórias, do vlogger Izzy Nobre, postado no You Tube, pela sua dissertação de mestrado no PPGA/UFBA, intitulada “Fazer Banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas nos sanitários públicos da Estação da Lapa e adjacências”.

O grupo, na nota, além de apoiar, se solidariza com o mestre, e ressalta a importância dos estudos e investigações nesse campo que tem sido de embate e conflito na arena social.

Confira a nota do grupo:

O GIRA: Grupo de Estudos Feministas em Política e Educação (UFBA) detentor de 04 linhas de pesquisa dentre elas “Antropologia Feminista e Queer” vem a público se solidarizar e apoiar o antropólogo Tedson da Silva Souza, atualmente doutorando na Universidade Federal da Bahia. Em 2012, Tedson defendeu uma dissertação de mestrado no PPGA/UFBA intitulada “Fazer Banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas nos sanitários públicos da Estação da Lapa e adjacências”. A conclusão de Tedson aponta que um simples terminal rodoviário com um sanitário em Salvador/BA é ressignificado como espaço de práticas sexuais de desejos dissidentes, na direção de interesses tão diversificados quantos são os sujeitos que interagem na cena e que só são reunidos na dissertação pelo traço em comum dos desejos, diversificadamente, homo-orientados, contribuição relevante no campo de Gênero e Sexualidades. A dissertação contou com a orientação do renomado pesquisador Edward MacRae e, em sua banca de avaliação, com as presenças dos não menos renomados Júlio de Assis Simões e Robério Marcelo Rodrigues Ribeiro. Recentemente, seu trabalho foi objeto de análise vexatória do vlogger Izzy Nobre que, segundo o site Dois Terços, “é sucesso entre os adolescentes”. Também segundo o site, o vlogger acusou Tedson de “travestir [sic] um hobby de valores científicos para ser pago”, desqualificando a pesquisa do antropólogo ao apresentar, inclusive, trechos de sua etnografia, classificando-a como “meros contos eróticos de chupar piroca”. Desta forma, Tedson tem se tornado vítima de ataques homofóbicos virtuais e presenciais na web e na rua desde a última segunda-feira (28/03/2016). Nós, pesquisadoras e pesquisares do campo de gênero e sexualidades do GIRA/UFBA, nos solidarizamos com o pesquisador e entendemos que sua pesquisa foi submetida ao escrutínio do campo que é, segundo as regras do científico, o locus de validação legítimo de uma pesquisa acadêmica. Ressaltamos também a necessidade de fomento de mais estudos e investigações nesse campo que, como atestamos, tem sido de embate e conflito na arena social. Nesse sentido, nos assustamos com a onda conservadora que paira na sociedade brasileira que questiona todas as dimensões, inclusive a científica, da sexualidade desviante da norma heterossexual. Ressaltamos também a importância social de pesquisas sobre espaços e territórios de sociabilidades subalternas para a construção da cidadania desses grupos e a prevenção às DST/HIV/Aids. Desde a “(re)descoberta” da sexualidade pela disciplina antropológica, esse campo tem produzido cada vez mais reflexões de excelência que contribuem com a sociedade e, com isso, merecem respaldo, recursos e autoridade.