Notícias

Ginastas relatam abuso sexual por ex-técnico da Seleção

Genilson Coutinho,
01/05/2018 | 01h05

Fernando de Carvalho Lopes foi afastado da Seleção às vésperas da Olimpíada do Rio (Foto: Divulgação/CBG) Foto: LANCE!

Ex-técnico da Seleção Brasileira de ginástica artística, Fernando de Carvalho Lopes é acusado por dezenas de atletas de ter cometido abuso sexual durante anos em um clube de São Bernardo do Campo (SP). A denúncia foi feita por uma reportagem do “Fantástico”, da “Rede Globo”, na noite deste domingo (29). O treinador já havia sido afastado do time nacional em julho de 2016, um mês antes dos Jogos Rio-2016. Uma investigação sobre o caso está em curso há dois anos.

O nome mais conhecido dentre os denunciantes é o de Petrix Barbosa, medalhista de ouro na competição por equipes dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara-2011. Fernando foi seu primeiro técnico, no Mesc (Movimento de Expansão Social Católica). Eles trabalharam juntos por seis anos. Aos 13, o atleta não aguentou e resolveu sair. O treinador nega as acusações.

– Ele sempre perguntava como estava nosso desenvolvimento. Eu tinha 10, 11 anos, e ele (alegava que) precisava acompanhar nosso crescimento, então dizia que a gente precisava mostrar o pênis. Eu era o queridinho. Ele tinha uma paixão por mim que eu nunca soube explicar. E todos viam e sabiam disso – contou o ginasta, hoje com 26 anos, que hoje diz ter sido sufocado pelo técnico.

– Toda vez que eu ia dormir, na casa dele ou no hotel, ele queria dormir comigo na cama, mas aí eu ia dormir no chão. E ele falava: “não, fulano vai para o chão e o Petrix vai dormir na cama comigo”. Todo mundo me olhava, e às vezes tentavam me tirar, mas ele não deixava. Era uma coisa comigo, e eu ficava sufocado, sufocado, sufocado.

 Conhecido pelo jeito explosivo e rígido no treinamentos, Fernando disse à reportagem do “Fantástico” que tem a consciência limpa de que não cometeu crimes e falou que os acusadores terão de provar o que estão falando.

– Nunca fui um técnico legal. Eu fui um técnico sempre muito rigoroso, às vezes até demais. E acho que por outro lado eu tive um problema de ser um cara que muitas vezes misturei, de achar que eu era mais do que um técnico. Acho que eu podia ser um amigo, podia ser um pai, que podia ser qualquer outra coisa. Então, isso talvez tenha dado uma margem de interpretação errada para cada um deles. Mas a ponto desse tipo de acusação, eu não tenho o que falar, eu acho que eles vão ter que provar. Eu sei que eu tenho minha consciência limpa no que diz respeito que eu nunca estuprei, que eu nunca molestei ninguém, num intuito como está sendo colocado, entendeu? – disse o treinador.