GGB solicitou criação de Pastoral Gay em Salvador

Genilson Coutinho,
02/08/2013 | 09h08

O Grupo Gay da Bahia (GGB) reivindicou, na última  quinta -feira 1, uma Pastoral Gay na Arquidiocese de Salvador, e  solicitou uma  audiência com dom Murilo Krieger para que seja nomeado um sacerdote de uma pastoral específica voltada para a integração na sociedade da comunidade católica LGBT.

O GGB levou como base da reivindicação a  declaração do papa  Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude: “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la. O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade.”

Luiz Mott, ex-presidente do GGB, sinalizou que este é o momento de “fazermos desse limão azedo, uma doce limonada”, alegando que o Papa Francisco “é nosso mais importante inimigo útil, pois só aceita na igreja gay casto, celibatário”.

O ativista, entretanto, acredita ser possível usar as “palavras de acolhimento relativo”, como bandeiras “para diminuir o peso da cruz que sua própria igreja, por dois mil anos, impõe a quem ousa se afirmar e comportar como LGBT”.

 

Segundo Mott, Francisco e suas palavras são a partir de agora um escudo. “Nosso amparo, nosso passaporte e password para com suas mesmas palavras, confrontar qualquer insulto, comentário ou prática homofóbica. E tentarmos fazer da igreja católica no Brasil, se não nossa aliada, quando menos, que deixe de ser nossa inimiga”, afirmou.

Confira na integra o documento enviado pelo GGB.

Salvador, 1 de agosto de 2013

D.Murilo Krieger

DD.Arcebispo de Salvador

 

Prezada Arcebispo Primaz

Saudações!

 

Inspirados nas benévolas declarações do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, “Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la. O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade”, solicitamos que V.Exca.Rvdssa. nos conceda uma breve audiência para formalizarmos nosso pedido para que a Arquidiocese de Salvador nomeie um sacerdote  para se ocupar de uma pastoral específica voltada para a integração na sociedade da comunidade católica LGBT.

 

Seria oportuno lembrar que já em 1983 o saudoso  Cardeal D.Avelar Brandão Vilela  fez esta profética declaração em total sintonia com o atual Pontífice: “Não podemos louvar nem incentivar este tipo de minorias, mas dado que elas existem, não se pode nem se deve fazer violência contra os homossexuais: devemos ajudá-los e nunca violentá-los”. [Correio da Bahia, 17.2.1983] . Igualmente declarou à Veja: “O doloroso mal da AIDS não é um castigo de Deus. Se Deus tivesse de fustigar o homem sempre que cai em pecado contra o Decálogo, precisaria desfechar minuto a minuto o chicote de sua ira contra milhões de pecadores. Por tudo isso, tenho muita pena da chamada família gay. Há nesses grupos muita gente capaz, rica em valores intelectuais e artísticos. Os pecados dos gays merecem a nossa compreensão. Como cristão peço que todos aidéticos sejam tratados condignamente, quaisquer que sejam eles, sem discriminação de raça, religião, ideologia e condição sexual.” (Veja, 4-12-1985).

 

Certos de contar com sua compreensão e acolhimento pastoral, cordialmente,

 

Prof.Dr. Luiz Mott, Fundador do Grupo Gay da Bahia

luizmott@oi.com.br

Rua Frei Vicente, 24, Pelourinho.