Gays querem ser ouvidos em consulta do papa Francisco

Genilson Coutinho,
10/12/2013 | 15h12

O pedido feito pelo papa Francisco a bispos de todo o mundo para que consultem os fiéis sobre a doutrina da Igreja em relação à família está mobilizando a comunidade gay católica. Até o fim da semana, diversos grupos da comunidade LGBT no Brasil deverão encaminhar aos bispos de suas dioceses uma carta com respostas aos diferentes itens da consulta proposta pela Santa Sé.
Nesse momento, nas redes sociais, os grupos coletam assinaturas de apoio à carta que entregarão aos bispos. O texto foi redigido pela Pastoral da Diversidade Católica.
De acordo com informações no site da organização na internet, trata-se de “um grupo de leigos católicos que compreende ser possível viver duas identidades aparentemente antagônicas: ser católico e ser gay”. Eles contam com apoio e orientação de alguns padres, que celebram missas em seus encontros, e já estão organizados em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Curitiba, entre outros locais.
O questionário enviado aos bispos em meados de outubro contém 39 perguntas. Algumas abordam questões ainda delicadas para a Igreja, como divórcio, casamento entre pessoas de religiões diferentes, métodos de contracepção. Os gays se detiveram no item 5 do questionário, que reúne quatro perguntas sobre assuntos relacionados a uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Ao tratar da questão da adoção de crianças, o texto observa que as autoridades eclesiásticas ainda se sentem na obrigação de “convencer as crianças adotadas por nós, pessoas LGBT, que as suas famílias não são verdadeiras famílias, e que suas mães ou seus pais são pessoas objetivamente desordenadas, que contrariam o plano de Deus”.
De acordo com a Pastoral da Diversidade, quando esta posição for ultrapassada “não haverá grande diferença quanto à transmissão da fé, sendo as mesmas as facilidades e dificuldades de catequese para filhos adotados por casais do mesmo sexo ou de sexos opostos. Ajudar a superar o sentido do abandono na criança, sendo que muitas delas passam por situações abomináveis antes de serem adotadas, vai muito além da mera orientação sexual, seja dos filhos adotados, seja dos pais adotivos.”

Do Blog do Roldão Arruda

Veja a  íntegra da carta que será enviada aos bispos aqui