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Gays estão sendo mortos em Uberlândia após marcar encontro em aplicativo

Genilson Coutinho,
16/11/2016 | 10h11

Helton Ivo, e Guilherme Pagotto (nas 2 fotos à direita) – vítimas de crime homofóbico em Uberlândia

Os casos recentes de violência contra homossexuais têm assustado grupos e entidades representativas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTs) em Uberlândia. Em 15 dias, três gays foram encontrados mortos, sendo dois deles com registros de desaparecimento dias antes dos corpos serem localizados. O mais recente foi no último fim de semana. O delegado regional Edson de Morais disse ao G1, por telefone, que apuração dos fatos será reforçada.

O departamento jurídico do Grupo Shama, que atua em defesa dos direitos humanos da população LGBT, e a Comissão de Direitos Humanos da OAB Uberlândia estão acompanhando as investigações.

A ONG também pretende trabalhar a conscientização por meio de campanhas, especialmente voltadas ao uso de redes sociais e aplicativos de relacionamento.  “Pelo que tenho acompanhado, os casos podem ter ligação com encontros marcados por esses aplicativos e, quem sabe, se tratar de um mesmo grupo criminoso ou uma mesma pessoa. Então a gente precisa de uma campanha de conscientização”, disse o presidente da ONG Shama, Edmar Sierota.

Os casos podem ter ligação com encontros marcados por aplicativos e, quem sabe, se tratar de um mesmo grupo criminoso ou uma mesma pessoa”. Edmar Sierota. presidente Shama

Por meio de nota, o Grupo de Apoio as Diversidades e a Integração Social (GADIS) declarou grande preocupação devido aos trágicos acontecimentos envolvendo homossexuais e disse estar elaborando carta junto às demais organizações de defesa de Direitos para cobrar maior rigor na apuração dos fatos casos, para que não se tornem apenas estatísticas.

O coordenador do Núcleo de Diversidade Sexual (NUDS), Marcos Martins, acredita que a homofobia esteja atrelada às mortes. “A comunidade gay está simplesmente apavorada. Acompanho as discussões e é nítida a preocupação. São três casos muito graves e com certa semelhança, onde as vítimas eram gays e, em duas situações, tinham o costume de marcar encontros por aplicativos de relacionamento. Acreditamos que se trata de crimes de homofobia”, comentou.

Outros casos

Além do dentista Helton Ivo Botelho Cunha, cujo corpo foi encontrado neste domingo (13), e do jovem Guilherme Pagotto, Marcos citou sobre o caso do cabeleireiro Maximiliano de Oliveira, de 47 anos. Ele foi encontrado morto no dia 31 de outubro, dentro do salão de beleza, com um fio elétrico enrolado no pescoço. A polícia informou indícios de suicídio.

Acreditamos que se trata de crimes de homofobia”.

Marcos Miranda, coordenador NUDS

Contudo, a família entrou em contato com o Núcleo e descartou a hipótese. “Havia grande quantidade de sangue e a irmã acredita que ele pode ter sido morto após marcar encontro por um aplicativo de relacionamento, pois ele tinha costume de acessar esses aplicativos. Por isso, ela não acredita que ele tenha se matado”.

O NUDS também recebeu a informação sobre um homem de 40 anos, homossexual, que está desaparecido desde a última quinta-feira (10). Conforme boletim de ocorrência, o trabalhador autônomo teria recebido uma proposta de trabalho na zona rural de Tupaciguara, sendo a solicitação de orçamento feita pelo cliente via telefone. Ele foi até o local e, desde então, a família não teve mais informações.

Polícia Civil reforçará investigações

O delegado regional da Polícia Civil de Uberlândia, Edson Rogério de Morais, reconheceu que os inquéritos em questão demandam maior atenção nas investigações e que as apurações, que estão a cargo da Delegacia de Homicídios, serão reforçadas. Mas salientou que não é possível fazer ligação entre os casos.

“Os elementos de provas que estão sendo colhidos, até então, não nos permite dar nenhuma indicação de que as mortes estejam ligadas. Só que os casos realmente geram a necessidade de ações mais efetivas e de trazer reforço às equipes dessas investigações, que é o que vamos fazer”, disse o delegado.

Do G1