Gay e transexual cubanos vão se casar no aniversário de Fidel

Genilson Coutinho,
16/07/2011 | 11h07

Wendy Iriepa, 37, virou mulher depois de se submeter à primeira cirurgia de troca de sexo com aval do governo cubano, em 2007

Um ativista cubano dos direitos dos homossexuais e sua noiva, transexual, decidiram se casar no dia do aniversário de Fidel Castro, no mês que vem, como forma de promover a discussão sobre os direitos dos homossexuais na ilha comunista.

Wendy Iriepa, 37, virou mulher depois de se submeter à primeira cirurgia de troca de sexo com aval do governo cubano, em 2007. Ela vai se casar com Ignácio Estrada, de 31 anos e portador do vírus da Aids, em 13 de agosto – dia em que o ex-presidente Fidel completa 85 anos.

O casal disse que a cerimônia será “um presente” para Fidel. A união será algo inédito em Cuba, onde os homossexuais já foram reprimidos, mas ganharam mais liberdades nos últimos anos, graças à militância da sexóloga Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro e sobrinha de Fidel.

Os casamentos homossexuais não são reconhecidos pela lei cubana, mas Iriepa agora está legalmente registrada como mulher.

A cerimônia, gratuita e com direito a engradados de cerveja dados pelo Estado, foi marcada para um “palácio nupcial” na capital Havana.

Iriepa, que trabalhou com Mariela no Centro Nacional de Educação Sexual, disse que o casamento não será um gesto político. “Eu sempre quis me casar (…), eu não queria ver isto como algo político, como se eu estivesse atacando o governo, ou talvez Fidel e a revolução. Quero que nos vejam como duas pessoas marcando um ”antes” e um ”depois””, disse ela à Reuters.

Ela reconheceu o papel de Mariela na concessão de mais liberdades aos homossexuais, mas disse que decidiu parar de trabalhar com a “primeira-filha” depois que esta questionou seu relacionamento com Estrada, por causa das atividades dele como ativista independente.

Estrada acusa Mariela de ter “sequestrado” a causa homossexual para o regime comunista. No mês passado, ele organizou uma passeata “independente” pelos direitos dos homossexuais, mas apenas nove pessoas compareceram, segundo testemunhas.

Iriepa negou ser uma dissidente. “Sou uma patriota e revolucionária, porque vou continuar fazendo a revolução dentro do meu país, e fazendo coisas novas.”

Falando de temas mais mundanos, ela comentou a roupa que prepara para o casamento: “Um vestido tomara-que-caia (…), nada tradicional, não gosto de casamentos tradicionais, quero o meu casamento o mais simples possível.”

Fonte: Portal Terra.

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