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Fotografia de casal gay russo ganha concurso internacional de fotografia

Genilson Coutinho,
18/02/2015 | 12h02
A Foto do Ano é do dinamarquês Mads Nissen, que mostra Jonathan Jacques Louis e Alexander Semyonov, um casal gay, num momento de intimidade em São Petersburgo, na Rússia (Mads Nissen/Reuters)

A Foto do Ano é do dinamarquês Mads Nissen, que mostra Jonathan Jacques Louis e Alexander Semyonov, um casal gay, num momento de intimidade em São Petersburgo, na Rússia (Mads Nissen/Reuters)

A foto vencedora da categoria principal do prêmio World Press Photo 2014 (o Oscar da fotografia) é resultado de um ensaio sobre os efeitos da lei que proíbe a propaganda gay na Rússia. O dinamarquês Mads Nissen passou dois anos no país de Vladimir Putin para documentar as dificuldades enfrentadas pelos homossexuais. Nesse período, captou um momento de intimidade do casal Jon e Alex, de 25 anos de idade, em São Petersburgo.

O fotógrafo, que trabalha para o jornal dinamarquês Politiken, disse que a história da imagem vitoriosa não é apenas sobre homofobia e sobre os “bravos jovens ativistas gays” que lutam contra isso. “No final, isso é sobre amor – sobre o amor entre duas pessoas”, definiu.

Na Rússia de Putin, os ataques a homossexuais são manifestações frequentes de intolerância. O governo aceita e reforça a discriminação, como indica a aprovação da lei proibindo a propaganda de “relações sexuais não tradicionais” para menores de 18 anos – o texto foi aprovado em junho de 2013.

A presidente do júri, Michele McNally, diretora de fotografia do New York Times, disse que a imagem é “esteticamente forte, e tem humanidade”. A foto venceu a categoria questões contemporâneas e superou as costumeiras imagens de conflitos, pelas quais a competição é mais conhecida.

A escolha da foto vencedora se deu “porque não é preciso ir à guerra para ganhar o World Press Photo”, definiu Donald Weber, membro da comissão de jurados. “Também há maneiras sutis de abordar assuntos complexos, e a homofobia é um problema grave na Rússia”, acrescentou, segundo o jornal espanhol El País.

“A vida de lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros está se tornando cada vez mais difícil na Rússia”, afirmou a World Press Photo, entidade com sede em Amsterdã, em um comunicado. “As minorias sexuais enfrentam discriminação legal e social”.

A disputa pelo prêmio de 2014 reuniu quase 98.000 fotos de 5.692 fotógrafos procedentes de 131 países.