A 12ª gay de Salvador que aconteceu no último domingo (8) provou que já entrou no calendário das principais manifestações e festas da diversidade de Salvador. Este ano, o grande ponto da parada foi a presença da cantora Daniela Mercury que recebeu o título de madrinha desta edição.
Uma multidão tomou conta das ruas e, segundo Marcelo Cerqueira, presidente do GGB, o número de participantes foi em torno de quase um milhão de pessoas.
É notável que houve um crescimento nas ruas da cidade e em todo percurso, como também foi visível a falta de policiamento no percurso da parada. A população que saiu as ruas se sentiu desprotegida com tamanha falta de segurança.
É inadmissível que apenas 600 policiais estejam nas ruas durante a parada gay, pois é o segundo maior evento de rua depois do carnaval, de acordo com dados da Bahiatursa revelados nas reuniões de preparação da parada.
Do Campo Grande a Praça da Piedade, uma multidão seguia ao lado de pequenos grupo de PMs, enquanto nos arredores bandidos eram vistos roubando a população e gerando confusões por toda parte, sem a menor cerimônia.
Essa crescente onda de violência ganhou corpo no cair da tarde com participação do cantor Igor Kanário que, a convite dos responsáveis por um trio da programação, transformou a Parada Gay em um campo de violência como relatou Scarleth Cabochard Sangalo, ator transformista e cover da cantora Ivete Sangalo em sua pagina no Facebook. Ela descreveu a cena presenciada por ela. “Fiquei triste em ver a cena de centenas de policiais batendo nas pessoas que estavam brigando atrás do trio. São os seguidores de Kanário, que não sei quem convidou esse homem pra nosso evento”.
Ainda segundo Scarleth, Kanário acabou com a festa. “ PORRADA, BRIGA, ASSALTOS, GUERRA DE PEDRAS NA PIEDADE E TUDO MAIS QUE ESSES MARGINAIS GOSTAM DE APRONTAR. (mas vou descobrir)”, postou Sangalo.
O site Dois Terços entrou em contato com Marcelo Cerqueira e ele revelou que não sabia da participação de Kanario. Soube apenas que foi convidado de um dos trios, mas considera sua participação como algo negativo para o evento.
“Não convidamos ele em nenhum momento. É muito triste saber que sua participação gerou tantos conflitos e violência na cidade, mas vou apurar o porque desse convite por parte do responsável pelo trio”, declarou Marcelo Cerqueira.
Sobre a falta de policiamento na parada, em entrevista ao programa “Só para Mulheres”, da Rádio Metrópole, o professor Luiz Mott e fundador do GGB desabafou: “Eu nunca vi uma cidade e uma população tão entregues aos marginais, é inaceitável! Vou cobrar e exigir uma explicação pública do secretário de Segurança do por que ele entregou a Parada Gay ao ‘Deus dará’. Foi um desrespeito. É um milagre que não tenha acontecido nenhuma morte. A Secretaria de Segurança e a Polícia Militar nos abandonaram”, disparou ele.
Marcelo Cerqueira revelou que haverá uma reunião de avaliação desta edição e para encontrar caminhos para uma estruturação da próxima edição. O objetivo é garantir que incidentes como os registrados nesta edição não aconteçam, retirando o brilho e a importância desta grande manifestação de rua.
Por Genilson Coutinho
Editor Chefe do site Dois Terços