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Ex-ator pornô gay se torna evangélico e lança biografia

Márcia Santos,
29/05/2014 | 17h05

Em 1998, aos 18 anos de idade, ele começou sua carreira como ‘gogoboy’ em algumas casas noturnas de São Paulo. Aos 20, já era considerado o maior ator de filmes eróticos do Brasil.

Julio Vidal, Juliano Ferraz (nomes artísticos) ou Giuliano Ferreira (batismo) é uma lenda da pornografia brasileira e ainda alimenta o imaginário de muitos fãs que deixou pra trás. Sua filmografia conta com incríveis 300 filmes gays, héteros, bi, lésbicos, travestis e transexuais.

Começou com cachês pequenos, que hoje calcula equivalerem a R$ 200 por cena. No auge, chegava a tirar R$ 1.500 por dia. Durante cinco intensos anos, ele ganhou muito dinheiro para os padrões brasileiros. Chegou a comprar quatro casas. Tudo, graças à sua performance sexual e ao invejável porte físico, incluindo, claro, o seu dote avantajado.

Isso, até decidir largar tudo para virar evangélico e viver da venda de Bíblias, CDs, DVDs e livros. Um dos produtos para aumentar o caixa foi lançado em abril. Na autobiografia “Luz, Câmera, Ação e Transformação (editora Semeando, R$ 19,90, “frete incluso”), o evangelista evidencia esse “antes” e o “depois” em sua vida.

Em entrevista à Folha, o ex-ator revelou o que fez com que ele desistisse da carreira. Durante uma gravação, sentiu o dente inchado. Procurou ajuda odontológica para extraí-lo, mas a coisa degringolou para uma infecção generalizada. Foram cinco dias de coma, afirmou na entrevista.

“Mas não culpo o dentista. Vejo a mão de Deus em tudo isso. Para eu poder parar e tomar um rumo.”

O rumo, na ocasião, foi a Igreja Batista, seu primeiro “pit-stop” evangélico. Acabou estudando teologia num núcleo de membros da Assembleia de Deus. “Até que aceitei o chamado de Deus para pregar a palavra.”

Ele é casado há 11 anos, com um filho e um enteado e mora em São Carlos, a 244 Km de São Paulo. Agora, Giuliano condena qualquer tipo de pornografia e vê seu antigo ramo como uma espécie de “prostituição, segundo a Bíblia”.

Além disso, defende “princípios da família”, como casar virgem. “Tenho a certeza que uma pessoa que se casa gostaria de saber que sua esposa não se relacionou com outra pessoa e se guardou somente para ele”, diz.

“Agora vão falar: ‘Que isso, você fazia filmes e agora tá assim careta!’”, reconhece. “Amo minha mulher e respeito muito ela, que rompeu as barreiras e se casou comigo, um cara que tinha já tido muitas pessoas na vida.”

O pastor diz que ainda há quem o olhe de um jeito “meio diferente” nos cultos. Mas que a igreja, no fim, cumpre sua “vocação”. “Ela é para acolher, independentemente se é ex-drogado, ex-homossexual, ex-prostituta. O próprio Jesus disse: eu vim para os doentes, não para os sãos”, afirma o hoje engravatado pastor Giuliano.