“Eu não teria como não ter afinidade, carinho, respeito e admiração pelo público LGBT”, diz Aila Menezes

Genilson Coutinho,
13/12/2013 | 11h12

A cantora Aila Menezes, ex-participante do The Voice Brasil  e integrante da Banda Cabeça de Nós Todos, falou ao site Dois Terços sobre sua participação no programa e da polêmica com Carlinhos Brown após sua apresentação. Sem medo de rótulo e cheia de planos ela não esconde sua relação de respeito com a comunidade LGBT e se posiciona favorável ao casamento gay.

Dois Terços: A sua audição na primeira etapa do The Voice foi muito comentada pelo fato de Brown fingir não lhe conhecer. Como você encarou as críticas e a atitude de Brown?

Aila Menezes: Na verdade não acho que Brown fingiu que não me conhecia, ele só não disse que conhecia. Acredito que ele achou que essa seria a melhor forma de agir. Se por acaso ele virasse a cadeira e falasse de imediato “Nossa Aila, quanto tempo! Que bom te ver aqui”, as pessoas poderiam julgar que ele estava me protegendo! Acho que as pessoas sempre vão ter o que falar… Se ele falasse que conhecia iam dizer que entrei no programa por causa dele, e fazendo como fez, também causou polêmica! Eu acredito que Carlinhos agiu da forma que julgou correta no momento, e respeito! E logo após a minha apresentação ele colocou nas redes sociais que me conhecia e que eu havia trabalhado com ele. Acho que ele também ficou surpreso em me ver lá.

 DT: Como você analisa sua participação no programa? Abriu novos caminhos para sua carreira?

AM: Atingi os meus objetivos no programa. Entrei por dois motivos: primeiro era colocar minha cara na tela, mostrar ao Brasil o meu trabalho e ter a oportunidade de estar entre aquelas feras todas. E o segundo motivo, foi para dar ao meu avô, o Palhaço Pinduca, a homenagem que todo grande artista merece ter. Queria que meu avô aos 98 anos pudesse assistir de perto o quão longe chegou o amor dele pela arte. Resumindo… Obtive resultado tanto em ter sido aprovada entre os 48 candidatos, dentre mais de 40 mil inscritos, quanto ser uma das candidatas que teve um pouco da sua história transmitida para o Brasil. A partir dali o que viesse era lucro! Claro que com a visibilidade do programa estou tento oportunidades incríveis e estou aprendendo muito. E ainda continuo com sede de aprender mais e mais. Quero trabalhar muito e espalhar meu trabalho para o maior número de pessoas possível!

DT: Em cada show você desfila seus leques fechativos. Você já teve medo de ser batizada de garota do leque?

AM: Não!! Esse rótulo não me assusta! Ser a garota dos leques, é apenas uma resposta ao meu trabalho. Não uso o leque apenas por estética, uso por que existe toda uma história por trás disso. O leque era usado nas décadas de 50 e 60, apenas por mulheres fortes, poderosas. No oriente o leque é símbolo de transformação e renascimento, a cada 7 anos as pessoas do oriente trocam de leque. Acredito na força do leque, e não me importo de ser chamada assim. Não soa pejorativo… Se uso leques, sou mesmo a menina dos leques! Rs

DT: Ju Moares fez uma crítica aos participantes no programa Roda Baiana, da Rádio Metrópole pela presença constante de músicas internacionais nas disputas. Tem algo no programa que não lhe agrada?

AM: Acredito que música não tem fronteiras. Música emociona, arrepia, e é uma questão de sentir. Amo e me orgulho da música brasileira, e acho que em qualquer lugar do mundo que alguém chegue cantando músicas brasileiras, vai sair aplaudido! Se estamos num programa que nos dá a oportunidade de mostrar nossa brasilidade, que façamos! Não desprezando nem tirando a importância da música americana, japonesa, francesa, espanhola e por aí vai. Música é música em qualquer lugar do mundo. Prefiro cantar em português sempre. Me sinto em contato com minha raiz e me sinto a vontade. Mas respeito quem canta em inglês e acho que naquele programa precisamos cantar o que realmente nos deixa a vontade.

DT: Você tem uma afinidade muito grandes com a comunidade LGBT, tanto nos seus shows, como nas redes sociais. Como você tem visto a luta da comunidade gay pelo casamento, adoção e criminalização da homofobia?

AM: Costumo dizer que nasci num dia muito nobre. Nasci no dia 17 de maio, dia do combate mundial a homofobia!

Fico feliz e honrada que esse publico se afine tanto com o meu trabalho. São fiéis e verdadeiros. Não consigo conceber a ideia de homofobia ainda existir. Defendo sempre a inclusão, o respeito, o amor livre de preconceitos. Não admito violência seja ela qual for. Homofobia é crime e ponto final.

Quanto ao casamento gay, sou completamente a favor. Assim bem como sou a favor de pararmos de rotular as pessoas, e impor regras discriminatórias para convivência. Somos livres por direito.  O mesmo cuidado que precisa se ter para um casal hetero adotar uma criança é o mesmo cuidado de um casal gay. Acredito na felicidade e no amor, independente de sexo, cor, classe social, e qualquer outro padrão imposto para uma sociedade preconceituosa.

DT: Você dividiu o palco com Daniela Mercury em grandes shows na cidade. Tem alguma novidade chegando nesta parceria?

AM: A novidade é o CD que já está em todas as lojas. O CD Geração Canibália com Daniela Mercury e Cabeça de Nós todos, que por sinal está incrível, e eu recomendo que todo mundo tenha o seu em mãos. É um CD que com certeza vai fazer história.

DT: Você estreou na San Sebastian com a ‘Noite da Styllosa’, enlouquecendo o público gay. Como foi essa experiência, terá outras apresentações?

AM: A Noite da Styllosa é um projeto que já tenho a algum tempo, mas só tive a oportunidade e tempo de colocar na rua agora. Estou amando poder dar atenção total a esse prejeto, e acredito muito nele. A Noite da Styllosa é um projeto muito inovador. Eu e Mikael Mutti já vínhamos pesquisando as referências ideais para essa fusão, a dois anos. E encontramos uma sonoridade que tem a minha cara, um figurino que tem a minha cara, os meninos que dançam comigo de salto que tem tudo a ver com a herança maravilhosa que Lennie Dale nos deixou com os Dzi Croquettes, onde me inspiro muito. Espero que a Noite da Styllosa conquiste as pessoas. A próxima edição será domingo agora, dia 15/12 na San Sebastian e estão todos convidados. Espero poder leva-la para todo o Brasil.

Fotos: Reprodução