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Estudante denuncia homofobia de professora na Unijorge

Redação,
08/05/2017 | 13h05

Atualizada em 09/05/2017 às 00h27

(Foto: Reprodução Facebook)

A dor da rejeição familiar que atinge a comunidade LGBTs serviu como alicerce de inspiração para o arquiteto e urbanista em formação Jether Felipe Gama, 23 anos, acadêmico da UNIJORGE – Salvador, campus Paralela, desenvolver seu trabalho de conclusão de curso. Jether como muitxs outrxs também deve ter sofrido, por isso, após pesquisas projetou “o Lar de Todas as Cores”, mas com o titulo “Casa de Acolhimento LGBT +”, um local de acolhimento, proteção e resguardo para todxs que foram expulsxs, agredidxs e humilhadxs dentro de seu primeiro lar.

No entanto, nos últimos meses, esse jovem carrega consigo mais uma dor, dessa vez causada por uma professora que, ao invés, de orienta-lo preferiu colocar o véu do preconceito ao proferir de voz alta, intimidadora e debochada a frase “casa de viadinhos” na presença de todxs xs outrxs acadêmicxs da sala de aula. Sala de aula que sempre teve o viés de formar cidadãos capazes de conviver com a diferença e diversidade dessa vez foi palco para mais um ato de homofobia protagonizado por uma professora da UNIJORGE – Paralela.

Homofobia que mata uma pessoa a cada 25 horas no Brasil, conforme publicação do jornal O Globo de 24/01/2017. Para o juiz André Augusto Salvador Bezerra, da 42ª Vara Cível do Rio de Janeiro, homofobia é ‘epidemia no Brasil’ como reportado pelo jornal Estadão em 17/01/2017. Talvez o magistrado tenha tido professores com conceitos mais humanos diferente da professora da UNIJORGE – Paralela que futuramente vai colocar no mercado de trabalho arquitetos e urbanistas.

Na expectativa de conseguir apoio de outrxs docentes, Jether denunciou o caso para coordenação, dando origem a um processo interno. Por vontade própria Jether escolheu se afastou da disciplina ministrada pela docente. “Optei em me afastar da turma por não me sentir mais confortável ser orientado por ela”, relata. Enquanto o processo está em andamento, a professora continua ministrando aulas tendo apenas sido advertida pela instituição como se nada tivesse acontecido e Jether sendo orientado por outro docente.

Diferente da inércia institucional, um grupo de estudantes sensíveis à causa de Jether e de muitxs outrxs está realizando rodas de debates e manifestos dentro da UNIJORGE – Paralela para não deixar o tema cair no abismo do esquecimento. Cartazes chegaram a ser fixados nos murais da instituição, mas foram retirados em seguida por sujeitx não identificadx. Jether não conseguiu dar sequência ao trabalho. “Tudo isso contribuiu para que eu não conseguisse finalizar o trabalho nesse semestre. O que atrasará minha formação em pelo menos mais um semestre”, concluiu.

O “x” utilizado no decorrer dessa matéria foi para mostrar a diversidade existente entre discentes, docentes e na sociedade, mas não muito dentro UNIJORGE – Paralela que em peças publicitarias que diz ser “Todxs”. Nada revolucionária e critica como o escritor baiano que abalou os bons costumes do século passado ao publicar os livros “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água” e “Gabriela, Cravo e Canela”.

Entramos em contato com a assessoria da universidade, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno.

Atualização

A Unijorge, por meio da sua assessoria de imprensa nos enviou uma nota de posicionamento. Confira abaixo na íntegra:

“A Unijorge não compactua com qualquer ato que possa ser classificado como inadequado ou ofensivo por parte de seu corpo docente, assim como por funcionários e/ou alunos. Ciente do ocorrido com o aluno Jether Felipe Gama, a instituição prontamente se fez presente por meio da coordenadora do curso do aluno, designando, na sequência, uma comissão para investigar e ouvir todos os envolvidos. Após as oitivas do aluno, da professora e de pessoas indicadas por cada um como testemunhas, com o acompanhamento da área acadêmica e jurídica da instituição, a professora recebeu uma advertência formal, medida prevista e cabível para o caso. A instituição tem prestado todo o apoio ao aluno nas necessidades que vêm sendo apresentadas desde o ocorrido, reafirmando sua postura de trabalho e diálogo para a inclusão e acessibilidade no ensino superior.”