Estudante de Direito fala sobre casamento gay e preconceitos

Genilson Coutinho,
18/12/2012 | 10h12

Os debates em torno dos direitos e preconceito contra os homossexuais dentro das universidade aos poucos vem ganhando voz e abrindo novos olhares sobre a importância do respeito as diferenças, além das reflexões sobre a comunidade LGTB.
Um reflexo desse avanço é notável em comportamentos de alunos, professores e dos movimentos sociais nas as Faculdades e Universidades baianas, principalmente nos cursos de direito, nos quais a temática tem sido foco de palestras e seminários.
Exemplo desse importante avanço na academia é esse excelente texto enviado por Anderson Menezes, estudante de Direito da Faculdade Ruy Barbosa e internauta do site Dois Terços, que trás para o eixo dos debates o casamento gay e o preconceito contra a comunidade Gay. Confira aqui a colaboração do nosso internauta.

Quando o assunto na roda de conversa é “casamento gay” surge uma série murmurinhos, indignações, muxoxos, caras retorcidas, proclamações bíblicas, e claro, debate(s). Uns a favor, outros contra, mas o tema sempre acaba na vala comum dos argumentos desses últimos, por vezes, usam dos aparatos contidos na norma jurídica, principalmente o Código Civil no qual se fala em “casamento entre homem e mulher”. E sempre, de uma forma ou de outra, invocam os princípios bíblicos; Deus fez homem e mulher não foi? Você já viu a Bíblia falar de homem com homem? E vai ter filho como, vamos entrar em extinção?(!) Enquanto a essas últimas palavras já se pode colocar no panteão dos clássicos da retórica, se não for as mais difundidas é pelo menos a que mais dispensa o raciocínio e o pensamento lógico.

Vale lembrar que os heterossexuais (por si sois) já estão promovendo a diminuição do crescimento populacional e das taxas de fecundidade, nos ano 60 se tinha média 6,28 filhos por mulher caindo para os atuais 1,9 filhos por mulher, segundo o Censo de 2010 do IBGE, isso ainda mostra outra faceta; os números de nascituros está a abaixo dos 2,1 indicados para reposição da população (extinção?!). Dados que falam mais de capitalismo, mulheres no mercado de trabalho, custo de vida alto e nem um pouco com saída de uns outros do armário, como dizem por aí os populares. As pesquisas acima falam por si. Além de que a aprovação do casamento homoafetivo não representa que o mundo todo mudou a sua sexualidade, esquecem-se que independente das leis (des)mandarem haverá e sempre houve na história da humanidade heterossexuais, homossexuais, bissexuais, assexuados, seja em menor ou maior quantidade o que temos nos nossos “tempos modernos” tem presença marcada na linha dos tempos passados, por exemplo, os espartanos, que hoje habitam as telas de cinema tendo sua virilidade sendo enaltecida, tinham seus jovens iniciados na vida sexual por outros homens de idade mais avançada nos tempos da Grécia Antiga.
Essa normatização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em verdade, representa adequação do direito com a realidade, respeitando demandas sociais que muito urgem nas Paradas Gay, nos debates e seminários, na luta dos movimentos sociais, e, principalmente, no cotidiano dessas pessoas que não possuem uma vida completamente digna por não terem seus direitos assegurados aliado a uma sociedade que não respeita sua diversidade, sua liberdade de escolha e sua felicidade.
Todas essas linhas trataram somente daquela última pergunta que os da “bancada do contra” salivam acreditando estarem no ponto mais sábio da dialética, prefiro não me alongar nas palavras e deixar o que não foi falado/contra argumentado para futuras discussões, seja em textos ou seja em rodas de mesa de bar, o importante é debater o assunto com lucidez e deixando a gaiola da mente aberta para que possam pousar novas ideias e voar outras.

Por Anderson Menezes