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Estudante da UFBA desenvolve projeto de Casa de Apoio e Acolhimento para Pessoas LGBT em seu trabalho de conclusão de curso

Redação,
26/02/2018 | 18h02

 

Na última quinta-feira, 22 de fevereiro, o estudante do curso de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, João Mário Moreno, defendeu o seu trabalho de conclusão de curso: Aqueda – Casa de Apoio e Acolhimento para pessoas LGBTs.

Ao término da graduação, os estudantes devem realizar um trabalho final, pré-requisito para a obtenção do título. No caso da Arquitetura e Urbanismo, os estudantes desenvolvem projetos arquitetônicos e urbanísticos, seja de transformação de áreas já existentes, seja na criação de novos equipamentos, como foi o caso do trabalho de João, que projetou uma casa de Apoio e Acolhimento para pessoas LGBTs no Rio Vermelho. A estrutura desenvolvida pelo estudante em seu projeto, além de oferecer abrigo para pessoas que foram expulsas de casa ou que estão em situação de rua, também oferece serviços de atendimento jurídico, social e psicológico, e cursos formativos com objetivo de profissionalizar e desenvolver a autonomia dos usuários.

Tudo foi pensado para que o espaço seja de fato uma casa para essas pessoas, desde a escolha do nome, Aquenda, gíria do universo travesti, até o bairro escolhido para a construção do centro, tudo foi pensado com o objetivo de acolher e promover a cidadania de pessoas LGBTs que estão em situação de rua, ou que foram expulsas de casa por seus familiares.

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Fachada do projeto

Mesmo sendo só um projeto para conclusão do curso, a gente aqui do site fica super feliz de que iniciativas como essa estejam sendo pensadas nas universidades, e mais especificamente em cursos como Arquitetura, que não possui tradição de discussão dessas temáticas. Acreditamos que essa é uma das formas de chamar atenção da sociedade para necessidade de que espaços como o que foi projetado por João sejam de fato construídos.

Até onde conseguimos mapear, e a partir daquilo que foi apresentado por João, não há no Brasil nenhuma iniciativa do poder público que ofereça abrigo para pessoas LGBTs. Por outro lado, existem diversas iniciativas populares, em parceria com o movimento LGBT, que instituíram casas de acolhimento, a exemplo da Casa Nem no Rio de Janeiro, Casa Rosa em Brasília, e a Casa 1 em São Paulo.

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Vista área do projeto

Salvador possui uma casa de acolhimento à pessoas LGBTs que está em fase de implementação, a Casa A, já falamos dela aqui no site, e essa iniciativa foi, inclusive, uma das referências utilizadas por João em seu projeto. A Casa A não possui apoio governamental, é uma iniciativa popular, de jovens LGBTs que entendem a urgência de um espaço desse.

Além da Casa A, Salvador conta ainda com o Centro Municipal de Referência LGBT, gerido pela prefeitura, e o Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT, gerido pelo Gappa em parceria com o Governo do Estado. Tais serviços, que poderiam (deveriam?) funcionar juntos, tal como propõe o equipamento projetado por João, infelizmente atuam de forma separada, e, entre os serviços oferecidos, não há a disponibilidade de abrigo.