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Estudante da Uerj desaparecido foi executado, diz irmão

Genilson Coutinho,
07/05/2018 | 09h05

Matheus Passarelli Simões Vieira, de 21 anos, identificava-se tanto com o gênero masculino quanto com o feminino, e era ora chamado de Matheus, ora de Matheusa Foto: Matheus Passarelli Simões Vieira

Estadão

O estudante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Matheus Passarelli Simões Vieira, de 21 anos, desaparecido havia uma semana, foi assassinado em uma favela da zona norte da capital fluminense, confirmou no Facebook, neste domingo, 6, seu irmão, Gabriel Passarelli Simões Vieira. O corpo teria sido queimado por traficantes. Ele havia saído sozinho de uma festa no bairro do Encantado, na zona norte, e não deu mais notícias. Foi visto pela última vez às 2h30 do dia 29 de abril. A família é de Rio Bonito, no interior do Rio, e os dois irmãos vieram morar na capital para estudar.
Segundo Gabriel, o irmão, que era aluno de Artes Visuais da Uerj e também estudava na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, foi procurado nesta semana por amigos, que espalharam cartazes na região do desaparecimento e desencadearam uma campanha nas redes sociais à sua procura.

O universitário se identificava tanto com o gênero masculino quanto com o feminino, e era ora chamado de Matheus, ora de Matheusa. Foi levantada a suspeita de que o assassinato tenha sido motivado por homofobia.
“Minha irmã foi executada ao entrar em uma das comunidades do bairro”, escreveu Gabriel no Facebook.

A Delegacia de Descoberta de Paradeiros investiga o caso. O Estado pediu informações à Polícia Civil neste domingo sobre as investigações, mas não obteve a confirmação de que o universitário foi morto por traficantes de drogas. O irmão, que é aluno de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), escreveu um texto emocionado, em que diz que Matheus foi a pessoa que mais amou em sua vida.

“Sobre seu corpo, também segundo informações colhidas pela DDPA, foi queimado, e poucas são as possibilidades de encontrarmos alguma materialidade, além das milhares que a Matheusa deixou em vida, e que muito servirão para que possamos ressignificar a realidade brutal que estamos vivendo”, diz o texto, que menciona a produção artística do estudante. “Infelizmente, as últimas informações que chegaram até nós e até a instituição pública que está desenvolvendo o processo de investigação demonstram diferentes faces da crueldade a qual estamos submetidos”, lamentou. “E, ‘se tiver que existir uma dicotomia entre o amor e ódio, eu escolho o amor’, nesse momento, continuo escolhendo o amor, pois sei que como essa frase, minha irmã escreve isso nos corpos de todos que já foram e ainda serão atravessas pela existência da MATHEUSA.”