Espetáculo sobre a vida da primeira transexual baiana faz última apresentação nesta sexta-feira 1, no palco ICBA

Genilson Coutinho,
01/11/2013 | 12h11


O ator Fábio Vidal chega à última semana da temporada de estreia do espetáculo “Joelma” nesta sexta-feira 1, às 20h, no Teatro ICBA (Corredor da Vitória), em Salvador. O novo solo do ator, que leva assinatura conjunta com o diretor Edson Bastos, estreou dentro do Festival Internacional de Artes Cênicas e foi apresentado em Ipiaú, tendo a presença da verdadeira Joelma que deu origem a história contada no teatro. A montagem faz um trânsito entre teatro e cinema para contar a história de uma das primeiras transexuais da Bahia e do Brasil.
Com o espetáculo, o premiado curta baiano de Edson Bastos sai da tela e se transforma na linguagem de teatro, novamente no corpo de Fabio Vidal, que destacou-se vivendo a transexual no cinema, exibido em festivais de todo o País. O espetáculo teatral confirma a parceria entre os dois criadores, que se lançaram no desafio de transpor a história para o palco, adicionando conteúdos que ficaram de fora da película.
Joelma revela a história da inadequação da transexual, que se compreende como uma mulher, nascida no corpo de um homem, no município de Ipiaú. Para além dos aspectos sobre sexualidade e gênero, a peça mostra outros aspectos da vida da personagem, que também é uma religiosa e dedica parte de sua vida à fé. Hoje, ainda viva, a mulher que deu origem ao espetáculo tem 68 anos e vive numa casa, que é um misto de centro espiritualista e igreja.
A dramaturgia ainda tem espaço para revelar aspectos de romance e o assassinato que estabelece uma trama “policial” na história. Para Vidal, a montagem “traz uma história de afirmação e reinvenção de si, mesmo em frente a preconceitos e injustiças, instaurando respeito e dignidade por uma postura ética de vida, que Joelma estabelece muito claramente em suas palavras e comportamento”.
Encontro de linguagens artísticas
Depois de encarnar a personagem no curta metragem homônimo, dirigido por Bastos no cinema, Vidal traz a história para o teatro abordando outros assuntos e referências, que não puderam ser aprofundados no filme. Segundo ele, “a encenação traz diálogos, histórias, personagens, questionamentos e informações que redimensionam o caráter mítico, religioso, filosófico e conceitual da obra cinematográfica, estabelecendo outra criação que engloba o cinema – vídeo (a projeção) como um dos elementos constituintes da cena teatral”.

No espetáculo, ambos criadores colocam o desafio de experimentar a construção de uma obra teatral, em casamento com o cinema, numa relação de jogo, que estabelece interdependência, sobreposição e complementaridade. Uma variedade de referências musicais e sonoras povoa a montagem, que transita por divas da MPB de tempos distintos como Gal Costa, Lady Zu e Angela Maria.
Joelma conta com trilha sonora assinada por Ronei Jorge e Luciano Simas; direção de arte e cenografia de Luís Parras; concepção de luz de Pedro Dultra. Os figurinos são de Maurício Martins e a maquiagem de Marie Thauront – ambos com o desafio de ajudar a caracterizar a passagem do tempo da personagem, que irá da juventude até a maturidade.

Joelma:
sexta-feira 1
R$ 20 (inteira) – R$ 10 (meia)
Teatro ICBA: Avenida Sete de Setembro, 1809