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Espetáculo Caymmi, do Rádio Para o Mundo é atração do projeto Domingo no TCA

Genilson Coutinho,
08/07/2016 | 10h07

Em cena, Claudia Cunha, Diogo Lopes Filho, Leando Villa e Marcelo Praddo (Foto: Priscila Fulo/Divulgação)

Reza a lenda no meio musical brasileiro que Roberto Menescal disse, num certo tom de crítica, para Tom Jobim (1927-1994), que Dorival Caymmi (1914-2008) passou a vida toda de violão em punho  e só assinou cerca de 130 músicas. Talvez quisesse reforçar a associação da preguiça à natureza do cantor e compositor baiano. Indignado, Jobim respondeu: “É, mas não tem nenhuma fraca”.

O dramaturgo e diretor teatral Gil Vicente Tavares, 38 anos, sentiu na pele a pujança do repertório composto por Caymmi quando teve que selecionar as 20 canções que integram o espetáculo Caymmi,  do Rádio Para o Mundo, que tem apresentação única na próxima edição do projeto Domingo no TCA.

Ele conta que sofreu para escolher o repertório cantado ao vivo por Claudia Cunha, Diogo Lopes Filho, Leandro Villa e Marcelo Praddo. “Escolher as músicas que entrariam no espetáculo foi uma tarefa dificílima, porque toda a obra de Caymmi é de extrema qualidade. Resolvi fazer uma enquete nas redes sociais, perguntando aos amigos o que não poderia faltar, mas toda hora achava que podia colocar mais uma em cena”,  diz Gil Vicente, à frente da Cia de Teatro Nu, que comemora uma década de atividades.

No palco, todos os atores fazem diversos personagens no jogo das cenas. Diogo e Leandro se revezam para interpretar Caymmi, enquanto Marcelo vive os demais personagens masculinos. Já Claudia Cunha interpreta todas as personagens femininas, inclusive a musa/esposa Stella Maris (1922-2008) e Carmen Miranda (1909-1955), responsável pela interpretação de O Que É Que a Baiana Tem?, primeiro sucesso de Dorival, que integrou o filme Banana da Terra, de 1939.

Comemorações

“O espetáculo transita por vários Caymmis, o das canções praieiras, o das festas populares, o dos boleros de boates e o dos terreiros de candomblé. Montamos em 2014 para comemorar o centenário dele, mas ficamos pouco tempo em cartaz. Então, é uma honra esse convite do Teatro Castro Alves para fazer essa apresentação para outro perfil de público”, comemora o diretor também das premiadas Sargento Getúlio (2011) e Sade (2015). Depois desse domingo, Gil Vicente Tavares começa em Salvador a temporada comemorativa pelos dez anos do Teatro Nu. Na verdade, os festejos se iniciaram com uma micro circulação pelo interior com as comédias Javali e Os Males do Casamento, ambas de Anton Tchekhov.

“São versões de bolso de peças que já montamos. Javali é de 2008 e Os Males do Casamento, de 2009. Como deu certo nessa estrutura menor, resolvemos trazer isso para Salvador”, conta.

A primeira temporada começa no dia 15 e segue nas próximas sextas-feiras no Teatro Módulo. A segunda acontece no Teatro Sesi do Rio Vermelho nas sextas-feiras de agosto. Gil Vicente revela ainda a intenção de um projeto inédito para acontecer até janeiro: um monólogo que comemora os dez anos de carreira de Marcelo Praddo.

Olhando para trás, Tavares pondera sobre a atuação do Teatro Nu: “Acho que a gente atingiu a maturidade com Sade, que é um sucesso de público e um espetáculo que surpreende muita gente. Na teoria, era complexo, polêmico, mas foi muito popular”.