Especial: espaços que deixaram saudade na comunidade LGBT de Salvador

Genilson Coutinho,
01/03/2018 | 18h03

Na entrada da rua funcionava o Rosa Negra / Foto: Genilson Coutinho

Por Genilson Coutinho

Artes e Manhas, Ade Alô, Charles Chaplin, Rosa Negra, Boate Caverna, BRW, Banana Repúblicas, Zanzi Bar, Quixabeira, Barraco, Boate Ice Kiss, Mix Ozone , Marquez e Gloss Club Bar . Talvez a nova geração estranhe esses nomes, mas eles foram os principais espaços da cena LGBT de Salvador nas décadas de 80 e 90, tempo em que a região que ia da Carlos Gomes à Barra vivia seu apogeu como point gay da capital baiana, com bares cheios, cadeiras que tomavam a rua e a paquera correndo solta.

Desses tempos áureos apenas o Marujo e o Bar da Ray sobreviveram à falta de segurança que levou a Carlos Gomes e o centro como um todo ao estado de decadência que vivem hoje. O que permanece, no entanto, é um grande saudosismo por parte do público. E esse saudosismo que queremos abrandar um pouco com a série de reportagens de iniciamos hoje.

Charles Chaplin, Rosa Negra e Artes e Manhas

Onde hoje funciona o Caras & Bocas  foi o Charles Chaplin, um dos points mais movimentados, com grandes shows, música ao vivo e muito namoro, já que naquela época não se tinha liberdade para beijar, trocar carinho e caminhar de mão dadas nos locais públicos. Isso revela que, além de serem espaços de lazer, esses locais funcionavam como “portos seguros” para casais de LGBT, que muitas vezes tomavam apenas uma cerveja para justificar a permanência e terem um lugar seguro pra namorar.

Subindo um pouco, na rua em frente ao Procom, era o Rosa Negra, onde imperava a vasta programação e um time de estrelas comandado por Trace Whitney, eterna estrela da casa, uma mulher enorme que desfilava no pequeno corredor entre o bar e o salão com vista privilegiada para a Carlos Gomes.

Ali do lado funcionava o Marujo antes da mudança para o espaço que na época funcionava o Artes e Manhã, um dos bares mais finos e “classudos” da região, que tinha uma decoração inspirada em cinema, sendo muito escolhido para bate-papo e passar o olho nas ditas “ricas da cidade”, que chegavam com seus carrões e muito carão pra ostentar seus perfumes caros até a alta madrugada.

Está dando pra recordar um pouquinho? Pois esse é só o começo. Em breve voltamos com mais um capítulo de histórias sobre esses antigos ícones da vida LGBT na capital baiana.

Genilson Coutinho

É editor chefe do Dois Terços e militante LGBT .