Especial Dois Terços: Amy Winehouse Não Morreu

Genilson Coutinho,
01/08/2011 | 23h08

“Dona de uma das vozes mais expressivas do jazz, Amy Winehouse modificou com o seu estilo único o mundo da música. Por isso, o site Dois Terços nas lentes do fotografo baiano Genilson Coutinho decidiram homenagear a cantora com um editorial e um ensaio fotográfico, revelando todas as qualidades da cantora que partiu muito cedo. Quem dá vida à inglesa é a cover oficial, Miss Boana Buranhén, que parou o trânsito e quebrou a rotina da cidade em fotos inspiradas na arte e na vida de Winehouse. Com Amy, a música nunca mais seria a mesma, sem ela, a música nunca mais voltará a ser como antes.”

Com seu penteado armado, sua maquiagem carregada e suas tatuagens que percorriam os caminhos do seu corpo, Amy Winehouse mostrou para o mundo que não só o seu talento musical fará falta, mas também a sua personalidade única, que conquistou uma legião de seguidores e a fez uma das grandes cantoras da primeira década do século XXI. A diva do jazz e do R&B, com o timbre de voz marcado pela forte influência das cantoras negras, viverá na memória no coração dos fãs, tornando-os assim os divulgadores do trabalho da Amy. Uma das maiores propulsoras da música e do talento da cantora inglesa é Miss Boana Buranhén, conhecida como a Cover oficial da Amy Winehouse, que incorporou a suas apresentações tudo o que a artista foi e representou em sua careira musical.

Mas o conhecimento inicial do trabalho da cantora não foi um mar de rosas. O gosto veio só depois de muito contato com as músicas, que aconteceu de forma inesperada. “A primeira vez que eu fiz a Amy foi uma questão em cima da hora, para um concurso [de Cover da Amy Winehouse] na extinta boate Queens. Eu liguei para ver se ainda tinha alguma vaga e fui fazer, mas fui loira”. Apesar de se apresentar como uma loiríssima Amy, ao invés da famosa morena com seus cabelos negros, Miss Boana percebeu que Winehouse era muito mais que uma cantora. Ela notou que a inglesa demonstrava mais atitude e mais presença de palco que a sua primeira impressão tinha revelado. O resultado do concurso acabou sendo favorável a ela.

“A final do concurso seria [entre] eu e outra candidata, mas eu não fui depois e perdi. Eu me especializei e comecei a estudar mais sobre a artista. Um amigo trouxe um DVD para minha casa e eu estudei os trejeitos [da Amy]. Eu ouvia das 8 da manhã às 8 da noite, e até minha prima aprendeu todas as músicas. Aí a candidata que tinha vencido o concurso cedeu o título para mim”.

A partir da nomeação, ela começou a apreciar o estilo e até os hábitos da cantora, vindo a incorporá-los durante as suas apresentações, inclusive a mania de beber para os shows. “Não faço de cara limpa”, revela Miss Boana. E assim a fama cresceu e todos passaram a reconhecer o potencial da cover oficial. “Quando tocava o remix da [música] Rehab na boate, todo mundo olhava pra mim esperando que eu fizesse, mas eu nunca cheguei a fazer [essa] música”.

Desde o concurso, alguns eventos curiosos aconteceram, principalmente com a vestimenta e os adereços da cantora. “O cabelo de Amy sempre foi estranhérrimo. Ele demorava 1 hora e meia para ficar pronto [no começo], mas depois eram três perucas juntas que ficavam pré-montadas e eu enchia de grampos, completando com verniz de parede.

“Uma vez indo para São Paulo, eu coloquei a peruca em uma caixa e ela passou pelo pessoal do aeroporto. Uma mulher abriu a caixa e tomou um susto. Eu expliquei que era uma peruca e ela começou a pegar, eu entrei em pânico. Eu pedi pra que eles passassem pelo raio x”, disse Miss Boana.

 

Ultimamente a história pessoal e as polêmicas de Amy conseguiram ofuscar o talento e a energia dela. Para Miss Boana, ela era mal compreendida. “Ela era uma menina de comportamento meigo, que tinha repentes como todos. Ela não era bem entendida, se achando mal amada, mas sendo muito querida pelo público. Ao mesmo tempo ela queria ser e não ser”, e continua, “ela não soube administrar o talento dela e a fama, o que ela mais fazia era correr dos paparazzi. Amy não era uma desvairada, ela parecia uma criança assustada correndo na multidão”, completa ela.

 

 

 

Em relação a planos futuros, Miss Boana Buranhén participará do espetáculo Sou Transformista, Mereço Respeito durante os dias 7, 14, 21 e 28 de setembro, no Teatro XVIII. Ela irá dividir o palco como cover de Lady Gaga, apresentando as músicas Born This Way e Judas, e como cover de Amy, prestando uma homenagem silenciosa, mas sem perder o bom humor particular da cantora que conquistou o mundo.

 

 

 

 

 

O trabalho de Amy segue, assim como o carinho e a admiração por ela por parte de seus fãs. O desfecho de sua vida acabou se tornando parte das suas composições, em que ela morreu uma centena de vezes, partiu sem dizer adeus e fez com que inúmeras pessoas “go Back to Black”.

 

 

 

O dono do personagem

Adel Lage nasceu em Porto Seguro e até os 15 anos foi pescador junto com o pai. Foi desta experiência nos rios da região que ele escolheu o nome.  ‘’Boana é um cardume de pequenos peixes. Queria algo que representasse o Brasil, já que a maioria dos transformistas escolhe nomes estrangeiros’’, diz ele, que ganhou o título de ‘’Miss’’ ainda em Porto Seguro,após participar de um concurso Miss Gay. Boana não ganhou, mas passou a ser chamada de ‘’miss’’ por todos.

 

Miss Boana in Amy Winehouse “Back to Black” aqui

Por Bira Vidal

Jornalista formado pela Cameron University no estado de Oklahoma, Estados Unidos. Apaixonado por comunicação política, decidiu voltar ao Brasil para se dedicar ao Direito, onde atualmente cursa na Universidade Federal da Bahia. Fascinado por artes e culturas, passa maior parte do tempo entre filmes, livros e música brasileiros e estrangeiros. Pretende se aprofundar nos instrumentos da comunicação usados na política, e vice-versa.

Fotos: Genilson coutinho