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Edy Negro Diamante se destaca como um dos grandes apoiadores da arte LGBTQ de Salvador

Genilson Coutinho,
16/09/2018 | 14h09

Alehandra Dellavega vencedora do Top Drag 2018 além do titulo ganhou uma super peruca do empresário (Foto: Genilson Coutinho)

A cena LGBTQ de Salvador, em especial a dos concursos de beleza gay, tem contado nos últimos anos com o apoio essencial de pequenos e grandes empresários de diversos seguimentos para contribuir nas premiações, com valores ou com produtos das suas marcas. Dentre esses empresários sensíveis à causa, Edy Negro Diamante tem contribuído muito para que o brilho e os sonhos continuem vivos.

Muitos LGBTs podem até não conhecer, mas já devem ter visto as belíssimas perucas que embelezam as grandes divas da arte transformista de Salvador, que tem Edy como referência no ramo das perucas e grande apoiador da causa que sempre busca um jeito de ajudar nos eventos.

Essa é a primeira história de uma série de perfis sobre personalidades da cena LGBTQ que tem buscando contribuir para melhoraria da nossa cena por meio dos seus trabalhos e o desejo de mudança, que iremos contar aqui.

Em 1998, há exatos 20 anos, Edy Negro Diamante como é conhecido no mercado de beleza capilar, iniciava na ladeira da Praça a Bahia Afro Beleza, seu projeto de vida. Após longos anos trabalhando como funcionário de grandes empresas na capital, de vendedor a gerente de loja, Edy fez de tudo um pouco até tomar a decisão de deixar o emprego e abrir seu salão com foco em perucas, que teve como fio condutor a situação de uma amiga que vivia com câncer. A partir daquele momento tomou a decisão de entrar no mercado de perucas, sempre como um processo de luta e buscando atualização, era a realização de um sonho para Edy.

“Desde muito cedo, a arte esteve presente na minha vida, cheguei a fazer alguns cursos, mas, na visão da família, isso não era emprego. ‘No máximo, um hobby’, eles diziam. Beleza sempre me atraiu e a possibilidade de mudar os cabelos que na minha época se resumia a ferro para alisar e cachear, babosa para tratamento e henê para dá brilho e cor”. Após trabalhar como vendedor, gerente e encarregado de contas, pediu demissão e em 1998 entrou para o ramo de salão com foco em perucas após acompanhar o sofrimento de uma amiga e hoje cliente na luta contra o câncer. “De lá para cá tenho lutando para acompanhar essa indústria crescente e me manter ativo e atualizado nesse negócio que só tende a crescer”, conta ele.

Mesmo com todo sucesso, ser negro, gay e empreendedor é muito difícil, mesmo morando na capital mais negra do país. O preconceito ainda é latente para os negros que muitas vezes precisam comprovar suas competências repetidas vezes. “Além do preconceito velado que existe de forma abrangente, sofremos descriminação para provar nossas competências e habilidades, para quem solicita nossos serviços, uma minoria que se diz ou se acha branca. São muitas mazelas”, pontua ele.

O desafio de empreender não é algo fácil e chega cheio de barreiras que só tende a dificultar o crescimento do pequeno empresário. “Empreender têm suas dores e sabores, cada estágio do negócio apresenta desafios específicos. Quando um negro empreende encontra os desafios naturais e os impostos, o racismo é a principal delas, porque com ele surgem “barreiras invisíveis”, que atrapalham o desenvolvimento destes negócios”.

Com ou sem dificuldade, o empresário segue se reinventando e buscando cada vez mais inserir sua marca no mercado por meio de amigos, artistas e uma série de parcerias.