”Dilma cedeu às pressões dos setores que a difamaram”, dispara Jean Wyllys;

Genilson Coutinho,
31/05/2011 | 10h05

“Dilma cedeu às pressões daquelas mesmas forças que fizeram uma campanha subterrânea contra ela no segundo turno das eleições. Isso foi absolutamente decepcionante”. A afirmação do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), em entrevista à Rádio Metrópole nesta terça-feira (31) reflete a verdadeira guerra que está sendo travada em Brasília, entre a bancada evangélica, setores mais conservadores da política brasileira, e aqueles que defendem o projeto “Escola sem homofobia”, que ficou conhecido popularmente como “kit anti-homofobia”.

“Acho lamentável que mais uma vez os direitos dos homossexuais tenha sido usados como moeda de troca nas negociações políticas que envolvem o governo”, disse o deputado, fazendo alusão ao “Caso Palocci”. Segundo Jean, “a bancada evangélica viu neste caso, a oportunidade de chantagear a presidenta” para que ela vetasse o projeto “Escola sem homofobia” em troca de apoio para blindar o ministro da Casa Civil Antônio Palocci.

O também deputado federal pelo Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PP), foi o grande responsável por encabeçar a “negociata com a presidenta”, relata Jean. “Ele apresentou aos deputados um material do Ministério da Saúde, do programa de redução de danos entre usuários de drogas e travestis, como se fosse o verdadeiro, o que facilitou, porque criou-se uma euforia entre a população que acreditava que aquele material fosse o do projeto. O que é mentira”, garantiu.

O baiano aproveitou para esclarecer o projeto “Escola sem homofobia”. “(Ele) é voltado para escolas do ensino médio, e só seria distribuído onde houvesse casos de bullying homofóbico, violência contra alunos. As escolas teriam que solicitar esse material, que uma vez solicitado, iria um técnico da secretaria de educação dar um curso para os professores utilizarem o material”.

União estável

Para exemplificar que o projeto em questão não traria nenhuma ameaça a família brasileira, Jean Wyllys citou a união estável entre homossexuais definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “No dia seguinte a essa decisão, a família brasileira não foi destruída, os heterossexuais não perderam nada. É uma questão de egoísmo e de preconceito”, pontuou.

Jean também combateu o argumento da bancada evangélica de que a união entre homossexuais é uma ameaça à família brasileira. “Esse tipo de argumento que os evangélicos usam de que a família brasileira deve ser mãe, pai e filho, a família do comercial de margarina, é uma agressão às famílias monoparentais, aquelas sustentadas só por mulheres ou só por homens. As crianças são criadas nesses ambientes com amor e afeto”.

Ouça aqui a entrevista.

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Fonte: Radio Metropole .

Foto: Reprodução