Dia Internacional da Visibilidade Trans e Inclusão no mundo do trabalho
Falar de diversidade é também sobre inclusão e equidade, é pensar em espaços em que todas as pessoas possam ter as mesmas oportunidades, seus direitos respeitados e se sentirem seguras em suas formas de expressão.
Dados da pesquisa “A Workplace Divided”, da Human Rights Campaign Foundation, de 2018, apontam que essa é uma realidade ainda distante da que as pessoas LGBT enfrentam no mercado de trabalho.
Segundo o estudo, 75% dos profissionais LGBT, em algum momento, já esconderam sua orientação sexual ou identidade de gênero em seus ambientes de trabalho. A pesquisa apontou ainda que mais de 50% dos profissionais LGBT escutam piadas sobre lésbicas ou gays durante o trabalho, de vez em quando; e que 31% desses trabalhadores já se sentiram infelizes ou deprimidos no trabalho.
Para Renata Torres, especialista em diversidade e co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora, é importante apontar essa reflexão nesta semana em que se celebra o Dia Internacional da Visibilidade Trans (31 de março), já que isso ocorre porque a maioria das empresas não oferece um ambiente seguro para que seus funcionários possam se manifestar sem medo de sofrer represálias ou preconceitos.
“Estamos falando de organizações com Cultura Inclusiva, ou seja, de ambientes em que as pessoas possam se sentir à vontade e seguras para serem elas mesmas, sabendo que suas diferenças serão respeitadas, sem medo de se envergonharem ou sofrer qualquer tipo de preconceito”, explica Renata Torres.
É importante que as empresas passem por esse processo de transformação, ressalta Kaká Rodrigues — também especialista em diversidade e co-founder da Div.A — e entendam que a cultura inclusiva é feita na prática, não basta apenas se posicionar, na teoria, a favor da diversidade.
“Diversidade é ter diversos tipos de pessoas dentro das organizações, em todos os níveis hierárquicos. Trazendo esse recorte para as pessoas transgêneros ou não-binárias no Brasil, estamos falando de um universo de 4 milhões de indivíduos. Ou seja, 1,9% da população brasileira (Unesp) que precisam, além de políticas públicas efetivas que garantam seus direitos civis, de ações afirmativas por parte das empresas de acesso e inclusão a empregos dignos”, diz Kaká Rodrigues.
Projeto Transflorescer
O Projeto Trasnflorescer — uma iniciativa da consultoria Div.A Diversidade Agora, em parceria com o Projeto Transpor e Florescentia — é uma ação afirmativa para pessoas trans e não-binárias. Trata-se de uma jornada de acolhimento, autoconhecimento e busca de sentido, que ajuda a pessoa a encontrar o seu propósito e a desabrochar os seus dons e talentos.
“Essa ação é muito importante, porque outras dimensões de diversidade já têm foco quando falamos sobre mulheres, gênero ou raça. Nossa consultoria tem o propósito de levar mais consciência sobre o valor da diversidade nas organizações e há muito tempo vínhamos pensando em como poderíamos contribuir mais dentro da comunidade de pessoas trans e não-binárias”, afirma Renata.
Iniciando dia 30 de março, o programa tem 11 pessoas inscritas de vários lugares do país, que passarão por uma jornada de jornada de autoconhecimento, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de seus dons e talentos.
“Nosso objetivo é oferecer um espaço seguro para que essas pessoas se empoderem, por meio do autoconhecimento, da conexão com a sua força pessoal e da clareza dos seus potenciais”, conclui Kaká.