Delegada diz que agressão e assassinato contra gêmeos em Camaçari foi homofobia

Genilson Coutinho,
27/06/2012 | 00h06

Adan, Douglas - assassino confesso de José Leonardo, e Adriano permanecerão custodiados na carceragem da 18ª DT

Homofobia. Este foi o motivo pelo qual os irmãos gêmeos José Leonardo da Silva e José Leandro da Silva, de 22 anos, moradores do Parque das Mangabas, foram agredidos brutalmente e um deles assassinado. Na madrugada do último domingo (24), por volta das 4h30, os jovens foram atacados por cerca de 10 homens nas imediações do posto de combustível que fica perto do Espaço Camaçari, quando saiam do Camaforró.

De acordo com a delegada titular da Delegacia de Homicídio de Camaçari, doutora Maria Tereza, os irmãos estavam voltando para casa abraçados, quando um rapaz de prenome Cristóvão ia passando de carro e ofereceu uma carona; neste mesmo instante, um microônibus que estava transportando um grupo de jovens de Paripe e de Mata de São João passou no local e os viu juntos, então, ainda com o transporte em movimento, Diogo dos Santos Estrela, 20 anos, que estava armado com um canivete,  desceu e começou a agredi-los.

Na confusão, José Leonardo conseguiu desarmar Diogo e saiu em busca de ajuda para José Leandro, mas logo foi surpreendido por Douglas dos Santos Estrela, (19), que reconheceu a arma de Diogo, seu irmão e, desesperado, indagou “cadê meu irmão?”, José Leonardo sem entender o que estava acontecendo respondeu,“eu não sei quem é seu irmão, mas posso te ajudar a procurar”. Acreditando que o Diogo estivesse morto, Douglas conseguiu convencer José Leonardo a jogar o canivete no chão e logo após começou a atacá-lo.

Neste mesmo momento, José Leonardo foi atingido por um paralelepípedo jogado por Adriano Santos Lopes da Silva (21) e ao cair no chão foi golpeado na cabeça com a mesma pedra diversas vezes, por Douglas, vindo a óbito no local. Enquanto isto, José Leandro estava tentando se desvencilhar dos socos desferidos por Adan Jorge Araújo Benevides, (22), socos estes, tão violentos que afundaram a face da vítima. Leandro foi socorrido e encaminhado para o Hospital Geral de Camaçari (HGC), onde continua internado.

Depois de fugir do grupo, Cristóvão que presenciou inerte as agressões contra seus amigos, conseguiu avisar a Polícia Rodoviária sobre o ocorrido; uma viatura foi deslocada, interceptou e conduziu o microônibus até a 18ª Delegacia Territorial de Camaçari, onde ficaram detidos Douglas, assassino confesso de José Leonardo, Adriano e Adan, além de Tiago Lopes dos Santos e Miller Muniz Silva Issa por supostamente terem participado das agressões.

Questionados sobre a motivação do crime, os acusados disseram que foi uma simples briga e que não tinha nada a ver com homofobia. Porém, a delegada Tereza garantiu que o crime realmente foi motivado por preconceito sexual, pois não houve nenhuma briga e eles nem se conheciam. “Eu só posso enxergar como homofobia. É um absurdo em pleno século XXI vermos crimes como este; homossexualidade não é doença é apenas uma opção sexual”, concluiu a delegada.

“Agi por instinto, inconscientemente, tava achando que meu irmão estava morto, naquela hora não pensava em nada”, disse Douglas, relatando o momento de fúria que acabou com a morte de José Leonardo, que deixou a esposa grávida de três meses.

O presidente do Grupo Gay de Camaçari (GGC), Paulo Paixão, revelou que somente nos primeiros meses deste ano já foram registrados quatro casos de homofobia no município: “Apesar dos gêmeos não serem homossexuais, não vou dizer que este não foi um crime de homofobia. É um ato que tem que ser punido com rigidez e a delegacia tem que apurar; não tenho dúvidas que isto seja feito, pois a doutora Tereza é nossa parceira”.

Douglas, Adriano e Adan permanecerão custodiados na carceragem da 18ª DT/ Camaçari à disposição da justiça e responderão pelos crimes de formação de quadrilha e homicídio, já Tiago e Miller, depois de ouvidos serão liberados e Diogo, o pivô da confusão, permanece foragido.   Com informações do  camacarifatosefotos.

Foto: Andrezza Moura)