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De Transs Pra Frente completa um ano e tensiona a normalidade dos gêneros na sociedade

Genilson Coutinho,
06/06/2017 | 14h06

Jenny Müller – atriz trans – Foto: Andrea Magnoni

A perspectiva do gênero como produto da cultura já integra a agenda dos movimentos feministas desde a década de 40. Nos últimos anos, o assunto tem se tornado pauta nos ativismos LGBTs, particularmente pelo debate acerca das identidades trans e travestis. Esta 12ª edição do De Transs Pra Frente, que acontece no próximo dia 7 de junho e comemora o aniversário de um ano do evento, pretende aprofundar o assunto, quando questiona a identidade de gênero de quem não é trans, nem travesti. Será que nascemos mesmo homens ou mulheres?

O evento começa às 18h, com a performance “Emoldurada”, da artista Jenny Müller, que usa a musicalidade para retratar as violências sofridas por pessoas trans e travestis, e segue com a mesa “Tensionando a Cisgeneridade”. O debate será mediado por Diego Nascimento, ativista do coletivo De Transs Pra Frente e da rede de adolescentes LGBTs da Unicef; e contará com as convidadas Line Pereira, fotógrafa, feminista negra interseccional e pesquisadora em gênero; Fran Demétrio, professora adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), doutora em Saúde Coletiva pelo ISC/UFBA e coordenadora e pesquisadora do LABTrans/UFRB/CNPq; e Diego Alcântara, integrante do coletivo Casa Monxtra, formada em artes cênicas pela Ufba, drag, figurinista, que encontra nas artes integradas uma forma de unir as linguagens a favor de seu discurso “desgenerado”.

O termo cis ou cisgeneridade surgiu entre os movimentos trans há alguns anos, com o objetivo de destacar que os homens e mulheres ditos “normais” também têm identidade de gênero, e que normas sociais e culturais produzem, sutilmente e através de violências, a suposta normalidade dentro da qual mulheres trans, homens trans, travestis e pessoas não binárias não podem existir. Desta maneira, ser homem ou mulher cis significa estar em alinhamento (em diferentes formas e graus) com padrões de gênero socialmente legitimados/respeitados.

Diego Nascimento pontua que linguagem é poder e quando as coisas não são nomeadas, se estabelecem padrões excludentes. “Então assim, como a gente nomeia transgeneridade pra fazer dela uma marcação, a gente também precisa nomear a cisgeneridade, para não cair no “normal” e no diferente. Compreende, assim, as duas como possibilidades de se vivenciar o gênero”, completa.

O debate ainda ampliará a discussão sobre os papéis de gênero na cultura sexista, a transfobia e outras violências de gênero, e a cisgeneridade como uma identidade política.

A noite é aberta para pessoas cis, trans e travestis e segue com o formato de Pague Quanto Puder.

Serviço:

O quê: 1 ano do De Transs Pra Frente, com a mesa Tensionando a Cisgeneridade.

Quando: 7 de junho.

Onde: Teatro Gregório de Mattos.

Quanto: Pague Quanto Puder.