Datena defende criminalização da homofobia em entrevista à JUNIOR deste mês

Genilson Coutinho,
11/09/2013 | 00h09

Desde que passou a comandar o policialesco “Cidade Alerta”, na Rede Record, no final dos anos 90, o jornalista, apresentador de TV e locutor esportivo José Luiz Datena se tornou umas figuras mais icônicas e polêmicas da televisão brasileira. Homem de personalidade forte, sem medir palavras, e hoje à frente do “Brasil Urgente”, na Band, ele já se envolveu em uma briga judicial com a antiga emissora por questões contratuais, angariou uma legião de admiradores com seu jeito incisivo e colecionou um sem fim de desafetos.

Aos 56 anos de idade, ele já se mostra mais ponderado e se esquiva de temas polêmicos, mas nem por isso perde a acidez e o senso crítico diante de assuntos espinhosos. Em entrevista à JUNIOR horas antes do “Brasil Urgente” ir ao ar, ele comentou o momento de crise no Brasil, alega que foi “mal interpretado” em mais de uma ocasião e defende a aprovação da lei que criminaliza a homofobia.

Confira um trecho da entrevista desta edição.

Você acredita que, tal como o racismo, a homofobia deve ser criminalizada?
A questão de criminalizar alguma coisa é muito relativa. É crime, claro, quando alguém agride alguém pela opção que ela tem. Isso eu tenho mostrado, denunciado, até com muita veemência, não só contra homossexuais, mas contra qualquer pessoa. Não só contra o sujeito que é rico, mas contra o morador de rua. Qualquer agressão é execrável e toda opção tem que ser respeitada. Se não se fizer respeitar por convenção, que se faça respeitar através de lei. Que as leis sejam específicas para impedir que minorias sejam espancadas por uma opção. Acho que grande parte dessa maioria tem que defender as minorias, senão você não consegue salvar nem a maioria nem a minoria. A partir do momento em que a condição de ser humano te leva a agredir uma pessoa porque ela é homossexual, então tem que transformar isso em lei e quem agredir tem que ser responsabilizado por isso. Se o sujeito agredir alguém por isso, tem que ser criminalizado, ele precisa ser penalizado e colocado na cadeia.

Agressões a homossexuais vêm sendo noticiadas com cada vez mais frequência. Você enxerga uma onda crescente de violência contra gays ou é o noticiário que vem dando mais atenção ao tema?
Uma coisa e outra. As notícias apresentam a violência que está aí. Não é a violência contra gay que está crescendo, é a violência geral. A violência de um cara que dá um tiro na cabeça de um menino, de um sujeito que queima uma mulher. A violência, de uma forma geral, está se espalhando pelo País. As pessoas falam: “o seu programa é muito violento”. Evidente que é. A sociedade está muito violenta. E está claro agora com essas manifestações que a questão da segurança pública é uma das pautas recorrentes deste povo que está nas ruas, pedindo a preservação do seu direito de ir e vir, tanto faz se o sujeito é homossexual ou não. Não gosto de segmentar causas porque a partir do momento que você segmenta, está sendo preconceituoso também.

Da Junior