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Daspu realiza desfile-show na 12ª edição do IC Encontro de Artes

Genilson Coutinho,
15/08/2018 | 14h08

Foto : Bob Souza

Um puta encontro entre moda, performance e música num desfile-show para celebrar a diversidade sexual, de gênero e corpo acontecerá no dia 24 de agosto (sexta-feira),no estacionamento do Goethe-Institut Salvador, dentro da 12ª edição do IC Encontro de Artes, que, de 21 a 26 de agosto, terá como lema “Arte como Luta”. A grife Daspu desfila sua mais recente coleção, inspirada nos corpos sem gênero definido que se reinventam na relação com a cidade, criadas em parceria com os estilistas Ale Marques e Marcita, com desenhos de Laerte. O ato, ao som de DJ Dolores, abrirá o show da artista multimídia Linn da Quebrada. Os ingressos, à venda em www.sympla.com.br/ic, custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

 Também estarão na passarela peças icônicas do acervo da Daspu, looks desenvolvidos em parceria com alunos do Curso de Moda da FUMEC/MG e ainda da nova coleção do Puta Dei Nacional, realizado em junho de 2018, que partem da cultura e energia paraenses, criados por um grupo de alunos do Curso de Moda da UNAMA, sob a coordenação de Fernando Hage. Johnny Braz, parceiro da puta parada, irá assinar a maquiagem e cabelo das modelos.

 Participam deste momento duas integrantes da Rede Brasileira de Prostitutas – Lourdes Barreto, fundadora do movimento de prostitutas e do Grupo de Prostitutas do Estado do Pará (GEMPAC), e Cida Vieira, coordenadora da Associação de Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG) –, além de putas e ativistas da Rede Brasileira de Prostitutas (RBP) em parceria com a Associação de Prostitutas da Bahia (APROSBA) e a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

 A noite segue com show da bixa travesty Linn da Quebrada, que vem se destacando na música e na militância política nacional e internacionalmente, inclusive com apoio e reconhecimento do seu trabalho pela intelectual e ativista negra estadunidense Angela Davis. Os poderosos hits musicais de Linn da Quebrada são um convite à celebração do corpo e arma de combate a preconceitos.

 Dez por cento da arrecadação da bilheteria do evento serão revertidos para a própria Daspu e para o Casarão da Diversidade, instituição baiana de apoio à comunidade LGBT.

 Sobre Daspu – A Daspu foi criada em 2005 pela prostituta ativista Gabriela Leite, autora do livro “Filha, mãe, avó e puta”, com Lourdes Barreto, da Rede Brasileira de Prostitutas, que, em 2017, fez 30 anos, tendo como marco o I Encontro Nacional de Prostitutas “Fala, Mulher da Vida”, que aconteceu no Rio de Janeiro em 1987. Nasceu como uma grife de moda que pudesse funcionar como um dispositivo cultural e artístico para dar visibilidade e sustentabilidade às ações da ONG Davida. Com a repercussão e o afeto gerados pela sua proposição, Daspu acabou se tornando uma política cultural que dialoga com as questões relacionadas ao corpo no embate entre sexualidade, cidade, prostituição e direitos humanos. Com curadoria e produção de Elaine Bortolanza, pesquisadora e integrante do movimento, nos últimos anos Daspu vem ocupando diferentes espaços para dar visibilidade às pautas políticas do movimento em conexão com as políticas do desejo.

 Sobre DJ Dolores – Atua profissionalmente como músico e produtor desde 1997, tendo três álbuns de carreira, além de dois discos resultantes de trilhas sonoras para o cinema. Assina diversas trilhas de espetáculos de dança, teatro e exposições. Fundador da Orchestra Santa Massa, criou outros projetos como Aparelhagem ou o Blind Date, esse último com o percussionista Nana Vasconcelos. Com os dois primeiros grupos, assim como em carreira solo, fez grandes turnês pela Europa e América do Norte. Atualmente, além do projeto Stank, também desenvolve um show baseado em improviso com o guitarrista Robertinho de Recife.

 Sobre Linn da Quebrada – Artista multimídia, em 2016 Linn da Quebrada encontrou na música mais um espaço de luta pela quebra de paradigmas sexuais, de gênero e corpo. O primeiro single, “Enviadescer”, causou barulho pela sua letra direta e um videoclipe que coloca travestis e corpos feminilizados em posição de destaque. Este seria o principal conceito transmitido por Linn ao longo das próximas músicas divulgadas, como “Talento” e “Bixa Preta”. Em 2017, a artista assumiu mais uma linguagem artística lançando “blasFêmea”, seu primeiro experimento audiovisual, cujos roteiro e direção também são dela. E não parou por aí. Na mesma semana, Linn abriu uma campanha de financiamento coletivo para a produção de “Pajubá”, seu disco de estreia, que teve sua meta total extrapolada e foi lançado meses depois, em outubro de 2017. Atualmente em tour com o álbum, dentro e fora do Brasil, Linn vem se destacando também no cinema nacional, onde apareceu duas vezes em 2017: no longa “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, e no documentário “Meu Corpo é Político”, de Alice Riff. Em 2018, voltou às telonas com o elogiado doc “Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, premiado no Festival de Berlim, e que chega ao Brasil via Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A atriz também protagonizou a mais recente campanha da marca Absolut, o single, videoclipe e mural urbano “Absolutas”, e foi indicada como Artista Revelação no prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de 2017. Nos shows, Linn da Quebrada é acompanhada pela produtora musical BadSista, a cantora e persona Jup do Bairro, a percussionista Dominique Vieira e o DJ Pininga.

 IC12: ARTECOMO LUTA

Linn da Quebrada (SP), Daspu (SP) e DJ Dolores (PE)

Quando: 24 de agosto (sexta), 20h

Onde: Estacionamento do Goethe-Institut Salvador-Bahia

Quanto: R$ 20 e R$ 10

Ingressos à venda em: www.sympla.com.br/ic

Classificação indicativa: 18 anos

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