Consagrada no meio LGBT, Mitta Lux encena espetáculo ‘Áfricas’

Fábio Rocha,
21/01/2014 | 14h01

Com o título de miss universo gay 2013 e cerca de cinco anos como ator transformista, Mitta Lux lançou na última semana o espetáculo “Áfricas”,  que é encenado todas as sextas e sábados do mês de janeiro na boate Tropical, na Gamboa de Cima, no bairro Dois de Julho.

Contatada pelo Bahia Notícias, a miss contou sobre o percurso que trilhou até o show e a preparação do espetáculo. “Eu apresentava o ‘África Night’ e acho que ele é uma espécie de pai do ‘Áfricas’. Esse especial é mais coeso, com uma interpretação mais bacana”, contou. Segundo o ator, uma das inspirações foi o desconhecimento das pessoas sobre o que é o continente africano. “Muitas vezes as pessoas não sabem que existem, na verdade, Áfricas. Eu quis colocar um pouquinho de cada cultura. Eu não sou negro e as pessoas questionam o motivo de eu apresentar este espetáculo, mas África é uma mistura, né?”, questionou.

A apresentação começa com uma narrativa sobre o negro escravo e, com o passar do tempo, ganha um tom mais leve. “Foi feito um trabalho muito forte de pesquisa, desde às músicas até às adaptações. Eu utilizo intervenções para trazer isso da cultura, afinal, os negros trouxeram sua cultura para o Brasil e daí surgiu o samba, o candomblé e tantas outras coisas”, enumerou. Trabalhar para um público de boate, segundo Lux, exige um olhar diferenciado e um arranjo específico para cada performance.

“Ali você tem que ter uma leitura mais rápida, mais linear no sentido da história ter um começo, meio e fim bem definidos. Mas, ao mesmo tempo, você não pode parecer didático, não pode ter narrador”, esclareceu. Em cartaz há uma semana, a montagem “superou todas as expectativas” do artista. “Nós nunca temos ideia de como o público vai receber a arte, então eu não crio grandes expectativas. A recepção foi a melhor possível, fui aplaudido de pé e as pessoas ficaram encantadas”, relatou.

A exibição artística, segundo ele, também ajuda no combate ao preconceito. “O tranformismo ainda tem uma visão muito marginalizada, então ver algo esteticamente bacana faz com que as pessoas vejam isso de forma diferente”, finalizou.

Texto: Alexandre Galvão
Foto divulgação: Andrea Magnoni